terça-feira, 19 de novembro de 2024

Uma visita inesperada

                 É comum as pessoas me pedirem para trazer noticias ou recados dos entes queridos, mas isso não é tão fácil como parece. Primeiro que nem sempre tenho permissão para ir a determinados lugares, outras vezes a pessoa em questão não quer falar, pode estar dormindo por necessidade de descanso ou para algum tratamento.
                Nesses últimos dias, um amiga está insistindo para que eu traga alguma noticia do falecido marido, ele não gosta muito de falar, está arrependido das decisões que tomou. Cada vez que vou ao seu encontro, ele desaparece ou vai dormir.
                Para nós que somos espíritas, sabemos que o telefone toca de lá para cá e não o contrário. Eu até posso querer ajudar essa minha amiga, mas nós encarnados não possuímos o controle deste contato, para a tristeza de minha amiga, não posso ajuda-la no seu desejo de notícias.
                Lembro-me de todas as vezes que eu quis fazer contato com meus entes queridos, foram raras as vezes que consegui, e foi quando eles estavam prontos para falar. Muitas pessoas acham que basta morrer para já poder sair por ai fazendo o que quiser, não é bem assim. Quem morrer precisa de permissão para vir falar com os encarnados, mesmo que seja para aparecer num sonho, a vontade do espírito nem sempre prevalece.
                 Eu já tive muitos encontros, mas sempre foram os espíritos que vieram até mim. Certa vez, ao sair de casa deparei-me com meu tio parado na porta. Quando abri a porta dei de cara com ele, quase tive uma sincope, pois eu estava distraída. Eu sabia que ele estava doente. De repente aparece na minha frente, vestido de branco da cabeça aos pés, até o chapéu era branco, parecia um fantasma.
                  -Olá Fatima, vim me despedir de você.
                  -Oi tio. Você está bem?
                  -Agora estou. Eu cumpri o que te prometi. Vim dizer adeus vestido de branco.
                  Eu sou a primeira filha da minha mãe, ela tinha muitos irmãos, alguns não se casaram e me tratavam como filha, fui muito mimada por eles. Este meu tio tinha horror de roupas brancas, dizia que era roupa de morto e que só usaria no dia de seu enterro. Tanto que ele já tinha comprado sua última roupa, muito antes dele adoecer.
                   Passado o susto inicial, me despedi dele e ele desapareceu na minha frente, lembro-me que na época pensei o que deveria fazer. Se ligava para minha mãe ou esperava ela me ligar para dar a notícia. Resolvi aguardar e naquela noite ela me liga:
                   -Alô.
                   -Oi filha, tudo bem?
                   -Sim, estou bem e vocês?
                   -Tenho uma notícia para te dar. Não fique triste....
                   -O tio morreu, não é isso?
                   -Como você sabe? Sonhou com ele ou alguém já te contou?
                   -Eu sonhei com ele, veio se despedir.
                   Minha mãe começa a chorar no telefone, até hoje ela ainda fica chocada com o fato deu saber das coisas por antecipação. Ainda não se acostumou. Assim que ela parou de chorar, me conta que o tio chamou meu nome e fechou os olhos, morreu querendo falar comigo. E assim que saiu do corpo veio me ver. Isso não é algo comum, mérito dele e meu.
                   Para todos que desejem notícias de seus entes queridos, recomendo a prece e peçam para eles aparecerem nos sonhos, é muito mais fácil da gente lidar com a situação, até porque nem todo mundo está preparado para ter uma visão dessas. Por maior que seja a saudade, ver espíritos nunca é algo fácil, pode ser bem assustador, sem falar que nem todos possuem mediunidade, normalmente o espírito está próximo da gente e não o percebemos.
                  Cada pessoa nasce com um tipo de mediunidade, a grande maioria das pessoas só possuem uma leve intuição, e eu digo para vocês, são felizes e não sabem. A vida da gente que consegue ouvir, ver e sentir o outro plano é bem tumultuada. Se eu tiver a oportunidade de escolher em minha próxima vida, não quero sentir nada, quero ser normal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário