Quem é minha mãe e meus irmãos?

        Conversando com uma amiga de longa data, ela me pergunta: pra você que é espírita, como é a relação com sua família?
        -Minha relação agora é boa, mas já tive muitos problemas, porque você me pergunta isso?
        -Eu sempre tive uma relação muito difícil com meus familiares, eles pensam e agem completamente diferente do que eu acredito ser correto. As vezes tenho a impressão que me familiarizo muito mais com os amigos do que com meus parentes de sangue, isso é certo ou errado?

        -Não sei se existe certo ou errado em relação aos sentimentos com nossos familiares. Eu sou espírita, mas minha família não é, alguns são católicos,outros evangélicos e tem aqueles que só rezam na necessidade. Lá em casa não se fala em religião, pra não ter brigas.
       -Nossa, me parece que tua família é bem mais complicada que a minha. Me fale Fatima, você com pensamentos e atitudes tão diferentes, não se sente as vezes deslocada?
       -Até me sinto Regina, mas a gente aprende a conviver e acostuma com as diferenças, eu como espírita acredito que haja duas famílias, a espiritual e a genética.Na família genética nem sempre somos ''conhecidos'' por assim dizer, muitas vezes precisamos de aprendizados e não podemos escolher, mas na família espiritual temos afinidades e convivemos juntos a muitos milênios. Esses ''familiares espirituais'' são nossos amigos mais próximos e são eles que nos ajudam a aguentar as dificuldades...

       -Eu nunca tinha pensado desse jeito, mas faz muito sentido Fatima, ainda bem que temos os amigos pra nos ajudar.
       -Certamente, sem eles seria muito mais difícil a nossa jornada aqui na terra. Sempre que penso em família lembro daquela passagem bíblica onde Jesus estava pregando em uma determinada casa, e sua mãe e irmãos pedem pra falar com ele; a resposta do Mestre foi fantástica: ''Quem é minha mãe e meus irmão?'' olhou para todos que estavam próximos e disse:''Vocês são minha mãe e meus irmãos''.
       -Eu nunca entendi essa frase de Jesus, eu acho que ele estava desprezando seus familiares.
       -Penso diferente Regina, eu acredito que o Mestre nos ensinou ali que nossos familiares nem sempre são de sangue, mas que os verdadeiros familiares são os espirituais e os que pensam e tem afinidade com a gente...
       -Nossa, você me abriu a mente, eu não tinha pensado nessa hipótese, sabe que faz muito sentido...
       -Creio que é esse o grande problema da humanidade, ninguém quer estudar ou conhecer mais aprofundadamente as palavras de Jesus, já se passaram séculos de sua vinda a terra e a gente acha que já aprendeu tudo, quando na realidade não sabemos quase nada...
       -É verdade amiga, preciso estudar mais...
       E a conversa tomou outro rumo....