sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Recordações de um passado longínquo

            Em uma noite de um ano qualquer, fui convidada a relembrar uma das vidas em que nasci no Egito, sempre gostei muito daquelas paisagens, desde muito jovem me identifico com aquela região, é claro que eu desconfiava ter vivido certa vida ali, mas nunca pensei em reviver estes fatos de forma tão clara, sentindo cheiros e sensações.
          Nesta regressão, fui acompanhada por muitos amigos espirituais, estávamos lá, senti meus pés tocarem uma areia fina e morna, sentia o ar seco e levemente frio da noite. Eu estava num gigante cinema a céu aberto, pude ver em uma tela enorme o que fiz e o que deixei de fazer naquele tempo. 
           Eu era um discípulo muito próximo e obediente de certo mestre, especialista em mumificar os grandes faraós. Serviço este muito valorizado e de extrema confiança, pois era feito ainda em vida, ou seja, o faraó não estava totalmente morto, mas sim na idade em que queria renascer em outra vida, parece mentira, mas eles encaravam a morte dessa maneira. Era preparado um chá específico, que causava sonolência e paralisia, para podermos começar com os procedimentos.
          Me vi auxiliando o mestre e médico faraônico a tirar os órgãos e troca-los por ervas e moedas, um a um. Depois passávamos um líquido pelo corpo para torná-lo rígido e apto para dar-nos continuidade ao ritual, era passado um produto tipo silicone em todo exterior do corpo, vedando os orifícios, algo demorado e com muito cuidado, pois não se podia modificar as feições naturais do faraó.
         Enquanto eu assistia a este filme, imagens vinham em minha mente, provando que aquilo era real, dá um certo medo em saber tudo o que já fizemos, mas como sei que só me é permitido lembrar por algum motivo.  Eu observava todos os detalhes para depois saber o que fazer com eles ou melhor, o que não fazer de jeito nenhum.
         Após um longo período de tempo, terminamos o trabalho com o faraó, mas não era o fim, pois não sei se vocês sabem, mas os faraós nunca eram enterrados sozinhos, seus servos mais fiéis iam junto, na crença daquela época, acreditava-se na vida pós morte, só que não como acreditamos hoje, ou seja, era preciso mumificar vários servos, que seriam enterrados ao lado do faraó, para servi-lo na próxima vida.
         Somente no final do filme é que meu amigo Alberto, me disse:
         -Nesta vida você já era exímia médica, pois somente pessoas com muito conhecimento podiam participar desses rituais, te mostramos isso para você ter a certeza que nada é atoa, quando certas imagens surgem na sua mente, referente à algum órgão especifico, principalmente no tratamento pelo magnetismo, é porque você os conhece muito bem. Nesta vida não te foi permitido estudar medicina, pois, você poderia fazer mau uso dela, mas no passe magnético isso lhe ajuda muito.  
          -Isso é verdade, a maioria dos meus colegas tem que estudar muito para saber onde está determinado órgão, eu sempre sei, e mesmo quando o paciente não fala nada, sei onde está o problema.
          -Lembra que dia desses você estava pensando em como as coisas brotam em sua mente, está aí a explicação.
          -Mas precisava me mostrar tudo isso, estou até um pouco enjoada.
          -Não dá pra entender os humanos, vivem pedindo para lembrar do passado e quando a gente mostra ficam chocados...
          Todos rimos muito, afinal isso é muito verdade, nós nunca estamos satisfeitos com nada...

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