segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Trabalhando em desdobramento

          Estávamos em um grupo pequeno, afinal o local onde íamos não era para qualquer um. Trabalhar em desdobramento é tarefa nada fácil, precisamos estar conscientes do perigo e manter a mente aberta, o mundo espiritual não é exatamente como aqui na terra, os perigos são bem maiores.
         A missão dessa noite era adentrar em uma caverna profunda para descobrir quantos laboratórios estavam escondidos. Recebemos uma dica que ali estavam manipulando ectoplasma para dar vida a supostos seres que não aceitavam a lei da reencarnação.
         Para os que ainda não conhecem as trevas, fica difícil entender o que é feito no interior das zonas abissais. Para se chegar a esse lugar é preciso todo um preparo, usamos roupas especiais, assim como veículos para nos levar até lá. São meses de preparo e muitas vezes perde-se tudo por causa de alguém que por um segundo deixou sua mente vagar e caiu nas garras de seres que sabem como nos manipular.
          Por isso é que íamos em um grupo pequeno, todos acostumados a este tipo de trabalho, a densidade energética do local é grande, mesmo com roupa apropriada e mente em oração, eu sentia um mal estar, um leve enjoo, um peso em minha cabeça e minha mente queria sair de lá, mas o comprometimento no bem é maior. É preciso se manter em oração e pensar em coisas alegres.
          Quanto mais fundo íamos, mas fácil era entender meu mal estar, o lugar parecia um centro cirúrgico, um laboratório gigantesco, via-se grandes equipamentos, com muitos cientistas trabalhando. Eram máquinas que pareciam gigantes incubadoras, tipo aquelas onde o bebê prematuro fica, só que do tamanho de uma sala. Dava pra ver que tinha algo dentro, era ectoplasma.
          Realmente estavam manipulando energias para modificar as estruturas de certos espíritos que estão a milhares de anos brigando contra lei natural da reencarnação. Nosso instrutor nos disse que o ectoplasma era tirado de pessoas que vivem no planeta terra, afinal nosso planeta é muito denso e só os encarnados possuem ectoplasma.
          Usávamos aparelhos específicos para fotografar com todos os detalhes o esconderijo, na hora apropriada seria enviado um batalhão de espíritos para destruir e dissolver esse lugar e suas energias. Nós só iríamos observar e transmitir todos os dados coletados.
          A visão do lugar não é agradável, pois os cientistas eram todos meio deformados, com cara de loucos, parecia filme de terror. O cheiro era de decomposição, não se via sujeira propriamente dita, mas o cheiro era por demais desagradável, principalmente para mim que tenho um olfato apurado. Sempre que vou a lugares assim fico por dias sentindo o cheiro, como se ainda estivesse por lá.
          Passados alguns minutos, já tínhamos fotografado e anotado tudo o que era importante, nos dirigimos a saída, é um alívio poder sair, afinal alguns do grupo são encarnados e não podemos ficar muito tempo nesses locais, nosso ectoplasma poderia chamar atenção e sermos descobertos.
          A missão foi cumprida a contento segundo nosso instrutor, passadas algumas semanas fui avisada que aquele local já não existia mais, a providência divina desmantelou mais uma empreitada dos seres das trevas, o bem sempre vence, pode demorar, mas na hora certa tudo se resolve.

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