terça-feira, 28 de novembro de 2023

A segunda morte é algo que deve ser estudado

                 A morte é compreendida como o fim da vida, causando inúmeras incertezas e medo diante do inesperado. Com o avanço das religiões espiritualistas e os estudo sobre a espiritualidade, passamos a encontrar respostas para preencher o vazio que a morte estabelece em nossa existência, confortando-nos com a certeza de que ela funciona somente como um rito de passagem para um mundo que ainda não conhecemos.
                Quem estuda a doutrina espírita, encontra respostas para suas dúvidas em várias obras literárias, mas nem sempre saber, quer dizer que realmente entendemos, viver no plano físico é algo bom e até prazeroso, pois esquecemos o mal que por vezes cometemos em outras vidas, mas ao retornarmos para o plano espiritual as lembranças nos perseguem e muitas vezes optamos por permanecer por aqui, nos fingindo de esquecidos.
                De acordo com Kardec: ''a vida do espírito é que é eterna, a do corpo é transitória e passageira. Quando o corpo morre, a alma retorna para a vida eterna. Durante a vida, o espírito se acha preso ao corpo pelo envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a de outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica''.
               Segundo o conhecimento disseminado pela literatura espírita, conseguimos encontrar um fenômeno nomeado como ''a segunda morte'' no livro libertação, obra psicografada pelo espírito André Luiz, pelas mãos do Chico Xavier, grande médium e divulgador da doutrina espírita.
               O fenômeno da segunda morte, mencionado na obra, pode ser compreendido de três maneiras distintas. Primeira: quando por ignorância ou maldade perverte-se a alma, pela densidade da mente que está repleta por impulsos inferiores. Perde-se a forma perispiritual e fica gravitando em torno das paixões que elege como o centro de seus interesses fundamentais, podendo se transformar numa esfera ovóide com comportamento assemelhando-se a amebas mentais ou comportamento completamente inerte.
               Segunda maneira: quando por meio de operações redutivas e desintegradoras do veículo perispiritual para o renascimento na carne. E a terceira maneira: quando ocorre o desprendimento do perispírito para ascensão espiritual, rumo as esferas sublimes. Conforme André Luiz, experimentamos inúmeras existências até nos despertarmos para o crescimento mental:
                ''Estamos ainda presos às aglutinações celulares dos elementos físio-perispiríticos, tanto quanto a tartaruga permanece algemada a carapaça. Imergimo-nos dentro dos fluidos carnais e deles nos libertamos, em vicioso vaivém, através de existências numerosas, até que acordemos a vida mental para expressões santificadas. A vida física é um puro estágio educativo, dentro da eternidade, e a ela ninguém é chamado a fim de candidatar-se a paraísos de fazer, e sim, a moldagem viva do céu no santuário do espírito''.
                Podemos entender que a segunda morte ocorre de maneira distinta, para cada situação ou forma de desequilíbrio. Algo é certo, cada um de nós possui seu próprio processo evolutivo, o tempo não existe para o espírito. É preciso entender que a morte não atinge a eternidade da alma e que estamos nos desenvolvendo a cada oportunidade reencarnatória aqui na terra. O estudo e a prática no bem ainda é a melhor alternativa de equilíbrio, lembre-se quase tudo é passageiro, mas a alma é imortal.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Necessidade de afetividade

                   Quem nunca se sentiu só que atire a primeira pedra naqueles que buscam incansavelmente por afetividade. A busca por sentir-se amado e completo constitui-se numa ansiosa necessidade de intercâmbio e relacionamento entre as criaturas humanas. Nascemos para viver em comunidades, junto de outras pessoas que pensam e agem de formas parecidas.
                   Essa necessidade de afetividade inclui uma boa parte da população, pois somente através dos outros é possível experimentar e desenvolver afeição, recebendo-a ou dando-a. Parece estranho, mas precisamos sentir que somos amados para desenvolvermos o amor em nós e a empatia. Sentimentos que nos tornam pessoas melhores e mais amáveis.
                    Como decorrência dessa falta de amor, as pessoas se sentem solitárias, tendem a atormentar-se numa incessante inquietação de que só se sentirão em segurança e paz, quando sabem que são amados por outras pessoas. A ciência psicológica ainda não chegou a conclusão se isso é carência ou falta de amor próprio, ou as duas coisas juntas.
                    O solitário quando se apoia em outro individuo, que também tem necessidade afetiva, forma uma dupla de buscadores a sós, esperando aquilo que não sabem ou não desejam oferecer. É claro que esse tipo de relacionamento está fadado ao desastre, à separação, pelo fato de ambos se encontrarem distantes um do outro emocionalmente, cada qual pensando somente em si mesmos, apesar da proximidade física.
                    É imprescindível desenvolver a habilidade de amar, porque o amor também é aprendido. Ele se encontra implantado em nossa mente, esperando ser despertado a qualquer momento. Para desperta-lo será preciso trabalhar novas experiências de fraternidade, respeito e amizade.
                   Através das pequenas conquistas emocionais e de momentos de significado singelo, vai aos poucos desenvolvendo-se mediante a arte de servir e ajudar, criando sentimentos que se estreitam e se ampliam no decorrer do tempo. É maravilhoso se reconhecer como alguém que ama e é amado.
                   Somos pessoas únicas e cada um de nós tem uma terapêutica própria para conseguir desenvolver o amor, através de fatores psicológicos iremos gerar emoções que muitas vezes não saberemos como entender. Para algumas pessoas a terapia será de grande importância, pois ela sozinha não consegue entender certas situações complexas que essa mudança interna se deparou, mas após um tempo e desenvolvendo o autoconhecimento tudo se encaixará de forma harmoniosa.
                  Os conflitos devem ser enfrentados nos seus respectivos campos de expressão e nunca mediante o mascaramento das suas exigências, é preciso enfrentar esses conflitos para entender o porque sentimos certas emoções e reagimos a certas situações. 
                  A afetividade desempenha um papel fundamental em nosso equilíbrio para desenvolvermos o amor com lucidez, ampliando o entendimento em torno dos significados existenciais que se convertem em motivações para o crescimento do intelecto moral. Quando se busca o amor, percebe-se que ele não será encontrado nas outras pessoas, em lugares ou situações. É indispensável descobri-lo dentro de nós mesmos, de modo a amplia-lo para as outras pessoas.
                 Na impossibilidade de amar e ser amado, procure despertar seu sentimento de compaixão, apoiando-se na piedade sem motivo aparente, pois dessa forma irá começar a desenvolver em você novos sentimentos e emoções. As pessoas devem inspirar amor em vez de exigir misericórdia. 
                 As vezes precisamos silenciar nossa voz e aquietar a mente para fazermos um exame de consciência a respeito da maneira como nos comportamos com as pessoas que amamos, com aquelas pessoas com as quais convivemos, pois quase sempre somos injustos e não valorizamos quem está por perto.
                 A afetividade deve ser estendida a todos os seres vivos, aos humanos, aos animais, aos vegetais, ou seja toda a natureza. Quando se ama instalam-se em nós a beleza e a alegria de viver. A saúde integral faz parte da harmonia de um corpo equilibrado, de uma mente focada no bem, de sentimentos de amor e conquistas culturais que levam a realização pessoal, trabalhando pelo funcionamento existencial.
   

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

As consequências de nossos atos

               Fala-se muito sobre a ética, mas será que realmente possuímos alguma ética? Para os teóricos da área do conhecimento humano, existem quatro vertentes para se levar em conta, o consequencialismo, a deontológica, as virtudes e mais recentemente o cuidado ou atenção. O enfoque deontológico ocupa-se dos deveres e regras que devemos seguir e respeitarmos. As virtudes abrangem as qualidades intrínsecas que adquirimos e pelas quais somos admirados.
               Os cuidados ou atenção implicam sobre o prisma ético, a importância de como respondemos às necessidades de um individuo, e por fim a ótica consequencialista, que foca em lidar com o efeito de nossos atos e decisões, ou seja, respondemos sempre pelo que fazemos ou deixamos de fazer.
               Pressupõe-se que uma pessoa possa desenvolver ou ampliar as qualidades morais que já possui, ao longo da vida as noções podem mudar conforme nossa melhora ética, afinal a cada nova encarnação sempre evoluímos um pouco em ética e moral.
              Ao longo de nossa trajetória evolutiva precisamos assimilar certos conceitos para que possamos apresentar sempre uma conduta equilibrada, respeitosa e positiva à sociedade. A construção mortal de um individuo torna-se perceptível pelo que ele contribui para o bem estar geral. Por exemplo, se um juiz que cumpra o seu papel de maneira zelosa e com total alinhamento as leis constituídas, certamente não deverá temer as consequências de suas decisões.
               Ademais, num caso oposto, onde o juiz que não esteja alinhado aos preceitos constitucionais vigentes em suas deliberações, provavelmente será autor de muitas injustiças, além de estar sujeito a enfrentar grandes dissabores devida a sua incúria e má fé. Dessa forma fica evidente que não existe muita ética e moralidade numa pessoa que se propõe a tirar vantagens em suas deliberações.
                Na prática, vemos a questão ética sendo massacrada por todos os lados na atualidade, mesmo com o fato que nunca se falou tanto sobre este assunto. Embora, saibamos perfeitamente do que se trata, em maior ou menor grau continuaremos desrespeitando regras básicas de convivência social, bem como cumprindo muito mal o nosso papel nessa tão importante e decisiva existência.
               Quando entendemos a ética, ela nos ajudará a aperfeiçoar o nosso caráter, facultando o nosso progresso espiritual. Mas como ainda estamos apegados a uma visão estreita sobre o significado da vida, não raro optamos por caminhos dúbios e quase sempre desastrosos, que nos trazem sofrimento e angustias desnecessárias.
               Quando nossa vida neste plano físico cessa e retornamos ao plano espiritual, e lá geralmente somos defrontados pelo nosso passivo, ou seja, as máscaras caem e resta o que realmente somos, normalmente percebemos os erros cometidos e caímos em desanimo, pois pode parecer que não acertamos quase nada, mas não é bem assim, sempre agregamos algo de novo e o maior aprendizado é não cometer os mesmos erros.
               No livro dos espíritos lemos: ''interrogamos aos milhares, espíritos que na terra pertenceram a todas as classes da sociedade, ocuparam todas as posições sociais, estudamo-los em todos os períodos da vida espírita, a partir do momento em que abandonaram o corpo, acompanhamo-los passo a passo no além túmulo, para observar as mudanças que se operavam neles, nas suas ideias e nos seus sentimentos. Notamos sempre que os sofrimentos guardavam relação com o proceder que eles tiveram e cuja as consequências experimentavam, que a outra vida é fonte de inevitável ventura para os que seguiram o bom caminho. Deduz-se daí que aos que sofrem, isso acontece porque o quiseram, que portanto, só de si mesmos se devem queixar, quer no outro mundo, quer neste''.
             Dentro deste cenário, não é difícil prever o que aguarda o criminoso contumaz, o político corrupto, o executivo sem ética, o trabalhador negligente, assim por diante. Mas o raciocínio é igualmente valido para os que fracassam na esfera da lealdade, no respeito aos semelhantes, na prática do bem e da caridade, na busca da elevação dos sentimentos, no exercício da maternidade ou paternidade, no emprego da inteligência e habilidades para finalidade dignas, na utilização sadia e esclarecedora do poder da palavra e dos escritos, no cultivo dos valores edificantes, etc. 
               Podemos perceber que nada passa impune, uma decisão mal tomada gerará uma consequência cedo ou tarde, por isso é importante começarmos desde agora a mudar nossa forma de ver o mundo, precisamos respeitar todos os seres vivos, a valorizar a vida e a forma como cada um vive. É necessário desenvolvermos ética para sermos pessoas melhores, para tomarmos boas decisões e nos transformarmos verdadeiramente. Este é o real propósito da vida. Mude, reinvente-se quantas vezes forem necessárias, pois dessa forma não haverá arrependimentos.


segunda-feira, 6 de novembro de 2023

A religião deve abrir a mente e não o contrário

                    De certa forma é complicado falar de religião, segundo as estatísticas o Brasil é o país mais religioso do planeta. Nosso país é gigante comparado a outros países, por isso cada região tem um jeito diferente, mas essas diferenças fizeram de nós um povo mais aberto a religiosidade, aqui todas as religiões vivem em harmonia e não é de se estranhar se determinadas pessoas frequentem mais de um templo religioso. 
                    Inclusive o espiritismo que é um religião nova, possui muitos adeptos em nosso país. Há quem afirme que a doutrina espírita é um viveiro de crentes indisciplinados em comparação há outras religiões, presume-se que pelo excesso de interpretações individuais de certos pontos de vista, os espíritas não são tão radicais em aceitar certas obrigações, somos livre pensadores. 
                    A doutrina espírita não proíbe e também não possui ritualística ou dogmas, mas isso não quer dizer que tudo nos é permitido. É exigido dos seus seguidores o discernimento das escolhas e a consequência das mesmas. Afinal tudo é lícito, mas nem tudo convém.
                    O espiritismo amplia os horizontes em busca do conhecimento. A visão mais escura do universo é a mais alta concepção da justiça, criam em nossa mente uma sede por libertação das amarras e conhecimento de tudo. Mas para os mais altos voos do espírito, aliados a compreensão mais clara, para a mais viva noção de responsabilidade que estabelece sublimes sentimentos na alma, renovando gradativamente os centros de interesse no campo íntimo de cada um, que se vê de imediato, atraindo-nos para problemas que transcendem as experiências vulgares, esse é o grande diferencial da doutrina espírita.
                   Realmente, para quem estima os padrões convencionais, com plena adaptação ao menor esforço, não será fácil manejar caracteres livres, principalmente nos domínios da fé, porque os desvairamentos da personalidade invariavelmente nos espreitam, tentando-nos impor sobre os outros o nosso modo de ser.
                   Dentro da doutrina espírita, não há lugar para qualquer processo de cristalização dogmática ou tirania intelectual. A imortalidade desvendada convida o homem a afirmar-se e o centro espiritual do aprendiz desloca-se para interesses que transcendem a esfera comum. A inteligências de todos os tipos, tanto quanto os mundos, gravitam em torno dos núcleos de força, que as influenciam e sustentam.
                 ''O panorama do infinito, descortinado ao homem, atrai o cérebro e o coração para outros poderes, e a criatura encarnada, imperceptivelmente induzida a operar os serviços diferentes, parece desajustada e sedenta, à procura de valores efetivamente importantes para os seus destinos na vida terrena.'' Francisco Xavier, livro Roteiro.
                As escolas religiosas oficializadas ou organizadas, presas a imperativos de instabilidades econômicas, habitualmente gravitam em buscada riqueza perecível ou da autoridade temporal da terra e jazem magnetizadas pela ideia de domínio e influência, em busca de uma facilidade aparente de solidariedade e união. 
               Enquanto que a maioria dos espíritos encarnados ainda estão cegos para a divina luz, reúnem-se e obedecem alegremente, ao redor do ouro e do comando dos mais fracos. Pobre humanidade que ainda não aprendeu a pensar.
                Mas no espiritismo é difícil aglutinar caracteres libertados, sob o estandarte do domínio e das proibições. Assim como aconteceu a quase trezentos anos, quando surgiu o espiritismo, as amarras da escravidão política do evangelho foram quebradas e o discípulo da doutrina consoladora pretende encontrar um caminho de acesso a vida superior.
               Aceitamos as facilidades humanas para aos poucos adentrarmos ao desprendimento da posse. Buscamos o contentamento para trabalhar e servir, sem esperar nada em troca. Buscamos a liberdade para submeter-se as obrigações que nos cabem. Adquirindo a luz para ajudar na extinção das trevas, pois é preciso estarmos no mundo sem sermos do mundo.
               O verdadeiro espírita é aquele que em negando a si mesmo, busca o mestre da verdade, recebendo de boa vontade os dissabores da vida, pois sabemos que tudo é passageiro e os erros do passado precisam ser eliminados. Nossa missão é agregar conhecimento e dissolver o mal cometido em outras vidas.
              Não vou dizer que o espiritismo seja a melhor religião, mas posso dizer com certeza que é a que nos dá respostas racionais e nos mostra que ninguém é melhor ou pior, só estamos em evoluções e vidas diferentes, mas todos chegarão um dia a angelitude ou purificação do espírito. Para mim isso já é o bastante.