Sonhos e suas consequências

              Quando nosso corpo adormece, o espírito se liberta e pode seguir sua vontade. Para os materialistas ou os que ainda não conseguem desligar a mente dos pensamentos da carne, ou seja, são escravos da matéria e manipulados pelo ego, esses espíritos permanecem ligados ao corpo, continuam a fazer o que sua mente exige. Tendem a ir para o trabalho, ficam andando em círculos ao redor da cama, vão para a cozinha comer, muitos fazem sexo com estrelas do cinema e fotos de revistas, afinal nossa mente é criadora e podemos criar tudo para satisfazer nossos desejos.

               Há os que já começaram seu despertar espiritual e pedem para serem levados a estudos e trabalhos em desdobramento, esse grupo é pequeno e diria até um pouco seleto. Sair do corpo é fácil, tal qual respirar, mas sair de perto do corpo é outra história.

               O sonho é a prova de que tudo é passageiro e transitório, as lembranças do que vivemos enquanto nosso corpo dorme tranquilamente. Através do sono podemos revisitar nosso passado e ir para o futuro, podemos dar continuidade na rotina e preocupações do presente. É muito mais comum trazermos lembranças do passado, pois essas memórias estão presentes em nosso inconsciente, ao despertarmos espiritualmente acessamos de forma lúcida e tranquila o passado.

              Sonhar todos sonham, lembrar e entender o porquê das recordações é outra história. Muitos estudiosos tentaram decifrar o sonho, mas sem o entender do sonhador não é possível. Freud, o pai da psicanalise nos diz que os sonhos são lembranças de nosso acesso ao inconsciente, somente quem sonhou com ajuda de um especialista, esmiuçando cada parte do sonho é que conseguirá  entender os verdadeiros motivos da lembrança. Freud escreveu muitos artigos e pesquisou muito para escrever seu celebre livro dos sonhos. 

               Segundo Kardec, no livro dos espíritos ''O sono liberta parcialmente a alma do corpo, os sonhos são o produto da emancipação da alma, que se torna mais independente com a suspensão da vida ativa. Daí uma especie de clarividência indefinida, que se estende aos lugares mais distantes ou que jamais se viu, e algumas vezes até a outros mundos''. 

              Como nossa mente fervilha de pensamentos, emoções, compromissos de trabalho, medo da solidão e falta de afeto, fica difícil trazer lembranças lúcidas, por isso é comum termos pesadelos, sensação de queda e acordarmos assustados. Precisamos aprender a relaxar, a limpar nossa mente antes de deitarmos. A meditação é uma das formas de parar e clarear a mente.

               Crie o hábito de anotar seus sonhos, medite, reze, leia sobre o assunto, quanto mais conhecimentos você tiver arquivados em sua mente, mais fácil será compreender os sinais que seu inconsciente está te enviando. Tente criar uma rotina, manter uma alimentação leve no período noturno, um quarto propício ao descanso com pouca luminosidade e o mínimo possível de ruídos. Você é sua melhor versão, assuma o controle de sua vida, sua mente, seu corpo, a felicidade está a um passo de você. 

O que é felicidade?

             No atual momento tem se falado muito sobre felicidade, o que é realmente este sentimento ou sensação de estar bem?  Ser feliz pode mudar alguma coisa em nossa caminhada evolutiva?

              Felicidade é um substantivo abstrato, um sentimento de significados amplos. Do ponto de vista conceitual, felicidade é um estado ou momento de bom ânimo, que nos traz satisfação e bem estar. Ser ou estar feliz é viver bem consigo mesmo e com a vida, com as pessoas que nos cercam. É ter prazer no trabalho, nas amizades, é amar e ser amado.

              Do ponto de vista biológico, afinal somos seres biológicos cheios de emoções e sentimentos; a felicidade é o resultado final de uma série de atividades neurais em que vários fatores, sejam eles internos e externos, estimulam o sistema cerebral responsável pelas emoções.

              Além de sermos seres biológicos com emoções, somos espíritos vivendo uma vida orgânica, fica evidente que a parte espiritual também interage com o corpo e nossas emoções. A felicidade é construída gradativamente, dia após dia, vida após vida, exige de nós autoconhecimento, um caminho longo rumo a perfeição. Uma coisa é clara, seu estado de felicidade e bem estar de hoje está associado ao seu passado encarnatório, foi construído a partir de seus aprendizados.

               Restringir a felicidade ao resultado físico reflete na sua aparência material muito pouco ou quase nada, sem falar que está desperdiçando seu tempo. Nosso corpo e os bens materiais são consequência de nosso trabalho, nos ajudam a viver mais e melhor, mas não são a verdadeira felicidade.

              O tempo e a vida são tão valiosos como o sentimento de felicidade. Allan Kardec deixou bem claro no Evangelho Segundo o Espiritismo que a felicidade não é deste mundo, ele falava da felicidade plena, imutável. Isso não significa que devemos esquece-la ou deixa-la de lado, mas sim, devemos levar a vida com leveza e simplicidade, essa é a verdadeira felicidade.

              Ao reencarnarmos, trazemos mazelas gravadas em nosso períspirito, que as transmite ao corpo físico, estamos aqui aprendendo e vivendo aquilo que muitas vezes foi programado por nós mesmos. Precisamos entender as dificuldades, os ciclos que se repetem e até o porquê de certas crenças. A vida é um aprendizado constante e nada melhor do que estarmos abertos as novas oportunidades.

               A felicidade é algo abstrato, não é possível mensurar em números ou graus quantitativos esse sentimento, essa emoção. Cada um de nós enxerga a felicidade de uma maneira, para as pessoas materialistas a felicidade está associada as conquistas, bens materiais, fama e sucesso. Mas é importante dizer que tudo isso passa, nossa essência é espiritual, estamos aqui só de passagem, nossa verdadeira casa é o mundo espiritual.

               Viver no planeta terra é um grande desafio, diariamente surgem em nossa vida centenas de problemas nos desafiando a manter a calma e seguir em frente, precisamos encarrar esses desafios como novas oportunidades de melhoramento, de crescimento moral, ético e  espiritual. Sei que é difícil interpretar esses sinais, principalmente se estamos nervosos, decepcionados e só focados no resultado, precisamos observar e aprender a mudar nossa forma de pensar.

                É preciso respirar fundo, analisar o problema com bons olhos, tentar ver tudo fora do contexto pré-estabelecido pela grande maioria, precisamos ter empatia com tudo e todos. A felicidade é a forma como vemos o que circula o nosso redor, é o peso e valor que damos a cada situação que surge.

                Lembre-se, você não é daqui, está estagiando por um curto período, que tal aproveitar esse aprendizado de forma ampla, segura e sem expectativas? 

                Traga o bom humor e alegria para conviver com você, esse é o caminho para a felicidade.

Psicosfera espiritual

                  No meio espírita e espiritualista fala-se muito na palavra psicosfera, mas será que realmente sabemos o que significa? Psicosfera também é conhecida como aura, é um termo proveniente do grego e está associado ao halo energético que circunda cada ser encarnado ou desencarnado. É uma espécie de projeção da consciência a qual gera um campo eletromagnético que emana vibrações, que se interligam a outros campos da mesma intensidade, sejam eles positivos ou negativos.

                   No livro "A Força do Um" de André Trigueiro, lemos: ''Todos os seres dos diferentes reinos da natureza vibram numa determinada frequência e emanam uma energia. Essa vibração define a qualidade do campo eletromagnético de cada criatura." Isso vale para os vegetais, animais, minerais e nós, os seres humanos. A psicosfera é a expressão energética que emitimos através de nossas emoções, sentimentos, pensamentos e ações, para os mais sensitivos ou médiuns como chamamos, essa energia tem cor, luminosidade, textura e odor.

                    De forma mais técnica podemos dizer que a psicosfera está associada necessariamente ao nosso sentir, nossos sentimentos e pensamentos influenciam o fluido que circunda nosso perispírito, nos dando características próprias nas cores de nossa aura, alternando e até ditando nossas emoções, de uma forma simples nossos pensamentos podem mudar nossas energias e ações.

                  Somos influenciados por tudo o que circula ao nosso redor, afinal a energia é constante, tudo e todos vibramos, as energias positivas se atraem, assim como as negativas. Se você se compromete a vibrar e pensar coisas boas irá atrair somente as mesmas energias, mas se pensar em medo, angustia e tristeza irá atrair tudo isso em dobro, sem falar que vai adoecer seu corpo físico.

                   Sabe-se através de testes que a água é um dos elementos naturais mais receptíveis, com uma energia atratora e condutora, por isso que usamos a água para gerar energia elétrica. Nosso corpo é 70% água, gera e capta energia, seja ela elétrica ou espiritual. Você já tocou alguém ou algum metal e gerou eletricidade? Quando estamos com excesso de energia tendemos a dar choque, imagina o que atraímos quando estamos tristes?

                    O bom pensamento, que nada mais é do que pensamentos de amor e solidariedade, de elevação e pureza, podem influenciar nossa energia psíquica e nosso corpo físico, gerando saúde e harmonia. Porque ainda teimamos em permanecer pensando de forma negativa?

                    A vida é curta demais para permanecermos nessa vibração negativa, precisamos mudar urgentemente nossa forma de ver a vida, de enfrentar os problemas, somos a nossa única mudança. Você pode e deve cuidar de seus pensamentos, quando o negativismo teimar em se aproximar crie novas formas de pensar, leia um livro e envolva-se nessa nova história, ouça uma música e dance. Sorria mais, ame-se e mude sua energia, isso trará a felicidade para perto de você.

Aborto, um assunto muito mais difícil do se imagina

                 A humanidade tem evoluído de forma lenta e gradativa, atualmente nossa tecnologia está tão avançada que muitos não estão conseguindo acompanhar, mas nossas leis ainda são antigas e precisam constantemente de renovação.

                 A discussão da vez é sobre o aborto, tirar a vida de um feto é certo ou errado? Aquela pessoa que por algum motivo comete esse procedimento, deve ser processado, pagar multa ou a prisão?

                 Não quero entrar no assunto da lei, mas sim, no que leva uma pessoa a querer ou precisar passar por algo tão doloroso fisicamente e emocionalmente? Nós humanos somos exímios em questionar, culpar e até condenar nosso semelhante sem ao menos tentar entender os motivos.

                 Sou contra todo tipo de procedimento que possa tirar a liberdade ou vida de qualquer ser humano, mas também não serei hipócrita ao ponto de dizer que nunca faria. Em uma situação extrema entre a minha vida ou de alguém que amo, não posso garantir que jamais faria algo errado em prol de minha sobrevivência. 

                 O que nos falta é empatia, julgamos sem tentar entender o que a outra pessoa sente. Tente se colocar na situação de alguém que por uma infelicidade de situações acaba sendo estuprada, a dor física unida a dor emocional é absurda e paralisante. Como se já não bastasse todo esse sofrimento, essa pessoa ainda descobre que está gravida. Quem consegue seguir em frente sabendo que além de ter gravadas na memória seus piores sofrimentos com o abuso ainda tem que gerar esse filho e ama-lo.

                 Como garantir que essa pessoa consiga viver ou mesmo tentar voltar a sua rotina se cada vez que olhar aquele bebê, saberá que é o fruto de seu pior dia na face da terra. É fácil falar e criar leis quando não passamos por nenhuma atrocidade ou mal estar. Leis e regras são importantes, mas perceber que cada caso é um caso também é necessário.

                  Pare de julgar tanto, tente se colocar na situação do outro. Não seja hipócrita de julgar quem faz aborto, se você mesmo nunca precisou passar por isso. Acho engraçado pessoas condenarem seus semelhantes quando fazem coisas piores. Vou compartilhar a história de Paula, agora ela está vivendo no plano espiritual, mas quando por aqui esteve viveu de forma como se não houvesse o amanhã. 

                  Paula nasceu numa família simples, não tinham luxos, mas os pais trabalhavam muito para dar a ela o maior conforto possível. Estudou em escolas públicas, teve muitos amigos, experimentou todas as drogas lícitas e ilícitas, ela queria sempre estar por dentro de tudo. Muito inteligente, trabalhava e dizia que o uso de drogas era algo esporádico, não era viciada, poderia parar quando quisesse.

                Álcool, cigarros, excesso de comida e sexo não eram proibidos, portanto ninguém tinha nada com isso. Em meio a essas bebedeiras ela conheceu Arnaldo, foi amor a primeira vista. Só que Arnaldo não era quem ela pensava, certo dia, num de seus encontros, ele lhe ofereceu uma bebida diferente, era gostosa, docinha e após alguns goles Paula desmaiou. Nesse sono interminável que ela adentrou, por vezes conseguia abrir os olhos e via um homem sobre ela, não sentia nada, estava amortecida, mas a cada abrir de olhos percebia que o tempo girava e ela continuava na mesma posição. Após um período que ela não sabia dizer, acordou jogada em um lixão.

              Sentia uma dor imensa, estava ensanguentada, suja e sem roupas. Enrolou-se em papelão para tentar sair dali. Com muito custo conseguiu andar até um orelhão para pedir ajuda. Passou um mês internada recuperando-se das chagas externas, achou que de certa forma estava bem fisicamente, pois o emocional estava abaladíssimo, não sabe exatamente o que aconteceu, segundo os médicos foi estuprada por dias seguidos e não se sabe por quantos homens.

              Paula iria tentar recomeçar a vida, deixando de lado todo tipo de drogas e vícios, queria uma vida diferente. Mas como ela mesma comentou em uma de nossas conversas, o mal praticado mais cedo ou tarde bate a nossa porta. Ela descobre que está gravida de gêmeos, o que fazer nessa situação? Paula estava desempregada, com a saúde debilitada e esperando dois filhos. Sua primeira vontade foi ir ao médico e pedir ajuda. 

               Como já tinham se passado três meses de gestação, não era permitido fazer o aborto. O desespero tomou conta de mente de Paula, ela não tinha condições de ter um bebê, imagina dois, sem falar que não sabia quem era o pai. Num momento de pavor decidiu ir a um curandeiro para resolver o problema. Tomou chás e alguns comprimidos. Horas depois desencarnou em meio a dor e uma grande hemorragia interna. Voltou para o mundo espiritual muitos anos antes do previsto e totalmente desequilibrada. Passou anos vagando por lugares horríveis até que foi resgatada pelos enfermeiros espirituais.   

                Hoje Paula vive em um hospital, faz tratamento emocional, pois trás muitas mágoas de sua última vivência na terra. Chora por não ter tido forças de recusar as drogas e bebidas, as vezes se desespera por ter se suicidado, naquela época não percebeu, mas hoje sabe que agia sem pensar direito, mesmo de forma inconsciente ela tentou fugir da vida que levava. 

                Não julgueis para não serem julgados, essas palavras de Jesus ecoam em minha mente sempre que ouça histórias de pessoas que passaram por uma grande provação e acabaram escolhendo o caminho mais fácil. Que possamos, independente das leis e regras termos empatia e amorosidade com quem erra, afinal, errar é humano e aceitável em nossa evolução espiritual.

O que o espiritismo nos diz sobre a identidade de gênero?

                Antes de refletirmos sobre identidade de gênero é preciso diferenciar gênero, sexo biológico, sexualidade, orientação sexual e identidade de gênero, pois são conceitos completamente diferentes entre si. O conceito gênero surgiu na década de 70, para diferenciar a dimensão biológica de uma pessoa em relação à dimensão social, no sentido que macho e fêmea são gêneros de qualquer espécie animal, de todos que vivem no planeta terra em termos biológicos; mas a maneira de ser, de agir como homem ou mulher, não se define pela biologia, mas sim nas convenções sociais definidas pela humanidade ao longo dos tempos.

                 Sexo biológico é o conjunto das informações orgânicas de um corpo humano, o que seus cromossomos nos dizem, hormônios predominantes, órgãos genitais, enfim, diferenças fisiológicas que definem o gênero macho do gênero fêmea. Já a sexualidade está ligada as convenções sociais estabelecidas e aceitas em relação ao prazer e trocas corporais entre pessoas, indo do erotismo, afeto, sentimentos, até noções de prevenção de doenças, técnicas de reprodução humana, uso de tecnologias e exercício do poder ou como dizem atualmente empoderamento social.

                   A sexualidade envolve todas as sensações, desejos, pensamentos, experiências, emoções, sentimentos, fantasias eróticas, conceitos de proibido e permitido socialmente, para cada povo ou grupo social distinto. Não existe conceito fechado para sexualidade, pois o que é por exemplo, considerado escandaloso no Brasil, pode ser visto como natural em outra cultura, fato que não define que uma ou outra cultura estejam erradas.

                    A orientação sexual diz respeito á atração emocional, afetiva ou sexual que uma pessoa tem por outra e independe do sexo, o que realmente conta é o sentimento. Atualmente foram criadas diversas nomenclaturas, no intuito de autoconhecimento para cada pessoa conseguir se aceitar. Somos seres diferentes e essa diferença é que nos possibilita crescer e evoluir continuamente.

                    A identidade de gênero é a maneira como cada um se vê, se entende, se expressa, correspondendo com o sexo biológico ou não. É senso particular de cada corpo, foi-se o tempo em que somente a igreja ou sociedade definia o que seríamos como pessoas. Identidade é a percepção que cada pessoa tem de si, sua convicção íntima de como ela se enxerga, independente de ser biologicamente macho ou fêmea, homem ou mulher, masculino ou feminino.

                    Assim, a ideologia de gênero entende que todos os seres humanos nascem iguais, entretanto o que faz uma pessoa ser ou se comportar, vestir, gesticular, falar e se apresentar dentro do conceito binário masculino-feminino faz parte dos padrões construídos ao longo dos tempos, não quer dizer que é certo ou errado, são maneiras que a sociedade encontrou para nos dividir e padronizar, mas o espírito não é obrigado a se encaixar. 

                    Para o espiritismo o espírito não tem sexo, gênero ou orientação sexual, ele escolhe um corpo novo a cada encarnação, corpo este propicio ao seu aprimoramento. Experimentar ou experienciar ambas as polaridades energéticas se faz necessário ao espírito para que possa evoluir com equilíbrio e sabedoria.  Joanna de Ângelis nos esclarece a importância e necessidade do espírito reencarnar em ambas as polaridades. ''A constituição do ser orgânico é decorrência de suas necessidades evolutivas, que são trabalhadas pelo perispírito na condição de modelo organizador biológico. Trazendo impresso os mecanismos da evolução nos tecidos sutis de sua estrutura íntima, plasmada a partir do momento da concepção do corpo, no qual o espírito se movimentará durante a vida humana, a fim de aprimorar o caráter e resgatar os compromissos negativos que ficaram para trás.''

                   Todos de certa forma já fomos homens e mulheres, afinal no planeta terra nos é permitido somente essas realidades corporais da matéria, mas o que sentimos, por quem somos atraídos e como nos vemos é único, íntimo de cada um. Precisamos parar de separar, colocar em modelos ou fórmulas os seres humanos. Somos todos espíritos a procura de felicidade e evolução. Que diferença faz o corpo que estamos habitando temporariamente? Em que mudará nossa vida a forma de nos vestirmos, falarmos ou sentirmos?

                  Somos uma centelha divina renascendo constantemente, tentando nos aprimorar moralmente, emocionalmente e eticamente, não importando o corpo, a sexualidade, a identidade e o gênero, mas sim o amor que desenvolvemos em nós mesmos. Ame-se sem nenhuma restrição, seja livre de preconceitos, de ideologias, de religiões e não permita ser manipulado. A vida é curta demais para se perder tempo discutindo com quem não tem nada a ver com sua vida. 

           

Câncer: prova ou expiação?

             No livro Esperança uma frase chamou minha atenção: ''a vida é uma sequência de existências''. Para os espíritas e espiritualistas que acreditam na continuidade da vida, isso é algo certo, mas nem todos pensam ou aceitam as doenças dessa forma. Falar de doenças, distúrbios e câncer não é fácil, mas infelizmente é algo corriqueiro para todos que vivem encarnados.

             O corpo físico é consequência de nossas atitudes e ações de outras vidas. É correto e justo dizer que nada é castigo, mas sim depuração, referente ao danos e benefícios que nós mesmos causamos ao nosso corpo, li anos atrás em um livro, não recordo o nome, tudo de bom que fazemos e aprendemos fica gravado em nossa mente espiritual, aquilo que ainda não foi aprendido ou os erros cometidos vem gravados em nosso perispírito para posteriormente serem adicionados no DNA para vivenciarmos. 

               Ao falarmos de doenças é comum as pessoas associarem como algo negativo, mas em termos espirituais sabemos que é algo muito positivo, estamos depurando e aprendendo a viver com certas limitações, isso nos torna mais fortes, seguros e determinados a seguirmos em frente.

               O corpo, assim como a mente é um mistério, a ciência não consegue explicar porque alguns desenvolvem câncer e sobrevivem, enquanto outros acabam por falecer. Para certas pessoas a palavra câncer não é nada, somente uma palavra como outra qualquer, mas para alguns só o fato de pensar  já ficam tristes e receosos, o medo os domina ao ponto de não conseguirem ter reação.

               Eu já passei por essa doença, inclusive costumo dizer que não tive câncer, quem teve foi meu rim, ao tira-lo a doença foi embora. E foi exatamente o que aconteceu, não perdi tempo pensando sobre a doença ou questionei o porque precisei passar por ela, aceitei e determinei que seria temporário e assim foi.

              Na vida tudo tem seu valor, mas o valor que damos a determinada situação é o que conta. Será que não estamos valorizando demais as doenças, quando na realidade deveríamos valorizar a vida, a saúde e os aprendizados? 

               Ao aceitarmos as provações, as expiações e o diagnóstico, entendemos que tudo é passageiro, tanto as alegrias como as tristezas. Não vale a pena perder tempo ficando furioso, tentando barganhar com o universo ou permanecer no papel de vitima, não existe vitima ou algoz,  na realidade nós somos os dois ao mesmo tempo.

               Na doutrina espírita encontrei respostas para minhas dúvidas, questionamentos e perguntas. Aceitar que somos falíveis e não sabemos tudo é a grande virada de mesa, ouvir mais, falar menos e viver intensamente a vida é o grande segredo da felicidade. Estamos humanos, mas somos espíritos em aprendizado constante. 

               Desenvolva amorosidade para com você mesmo, ame-se incondicionalmente, respeite que todos tem seu tempo e momento. Estamos aprendendo a pensar, sentir e agir, evoluir é nossa meta.                  

O mal que ainda vive em mim

            Somos seres espirituais, essências divinas, espíritos que reencarnam sucessivamente a procura de melhora moral e equilíbrio mental. Com o passar dos tempos e a cada encarnação a ilusão da vida fácil, da felicidade a qualquer custo e do prazer corpóreo vem sendo incutida em nossa mente.

            Pelo fato de ainda estarmos em desenvolvimento moral, intelectual e espiritual acabamos caindo em falsas promessas de outros seres que só querem nos dominar.  Nosso espírito, ainda é muito jovem, anseia por títulos transitórios, bajulações e poder material. Ficamos a mercê de certos vícios que costumam entorpecer nossa mente infantil.

             As vivências do passado muitas vezes estão ainda nítidas em nossa mente, procuramos incessantemente por momentos de prazer, que tendem a nos colocar num poço bem fundo de insatisfação. Afinal, precisamos sentir felicidade, nem que seja através de certos devaneios, seguidos de um vazio profundo, num misto de falsa e aparente alegria.

             A estrutura densa e material de nosso corpo é um convite indecoroso a procura do prazer, seja ele qual for, atualmente vivemos envoltos em necessidades fúteis, prazeres momentâneos, tudo para termos nossos desejos realizados. O ego tem que ser alimentado para sentirmos aqueles míseros segundos de prazer. Até onde vai sua necessidade de prazer?

             Se pararmos, para refletir, chegaremos a conclusão que vivemos uma época nebulosa, tal qual o momento que o Mestre Jesus reencarnou no planeta terra. Naquele momento evolutivo, o povo vivia envolto em uma cobiça sem limites, a procura de um poder transitório a todo custo. A diferença é que hoje vivemos um tempo de extrema tecnologia, mas interiormente continuamos lutando contra nossas más tendências.

              Alguns conseguem de forma lenta e gradativa vencer o mal que habita em cada um de nós, outros acabam se acomodando na falsa tranquilidade de viver sem rumo ou deixando-se levar por sensações de poder, dominação e prazer.

              As vezes ouvindo comentários ou assistindo algum tele jornal, chego a pensar que uma boa parte da humanidade não acredita mais em nada, esqueceram que são centelhas divinas, que são espíritos em aprendizado constante. O amor e a gratidão tem andado longe de muitos.

              Enquanto não despertarmos para o fato de que estamos de passagem pelo planeta terra e tudo aqui é passageiro, inclusive nossas emoções e sentimentos. Renascemos para desenvolver e praticar o amor e as boas virtudes. A mudança é o verdadeiro caminho do equilíbrio.