quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

O que o espiritismo nos diz sobre a identidade de gênero?

                Antes de refletirmos sobre identidade de gênero é preciso diferenciar gênero, sexo biológico, sexualidade, orientação sexual e identidade de gênero, pois são conceitos completamente diferentes entre si. O conceito gênero surgiu na década de 70, para diferenciar a dimensão biológica de uma pessoa em relação à dimensão social, no sentido que macho e fêmea são gêneros de qualquer espécie animal, de todos que vivem no planeta terra em termos biológicos; mas a maneira de ser, de agir como homem ou mulher, não se define pela biologia, mas sim nas convenções sociais definidas pela humanidade ao longo dos tempos.
                 Sexo biológico é o conjunto das informações orgânicas de um corpo humano, o que seus cromossomos nos dizem, hormônios predominantes, órgãos genitais, enfim, diferenças fisiológicas que definem o gênero macho do gênero fêmea. Já a sexualidade está ligada as convenções sociais estabelecidas e aceitas em relação ao prazer e trocas corporais entre pessoas, indo do erotismo, afeto, sentimentos, até noções de prevenção de doenças, técnicas de reprodução humana, uso de tecnologias e exercício do poder ou como dizem atualmente empoderamento social.
                   A sexualidade envolve todas as sensações, desejos, pensamentos, experiências, emoções, sentimentos, fantasias eróticas, conceitos de proibido e permitido socialmente, para cada povo ou grupo social distinto. Não existe conceito fechado para sexualidade, pois o que é por exemplo, considerado escandaloso no Brasil, pode ser visto como natural em outra cultura, fato que não define que uma ou outra cultura estejam erradas.
                    A orientação sexual diz respeito á atração emocional, afetiva ou sexual que uma pessoa tem por outra e independe do sexo, o que realmente conta é o sentimento. Atualmente foram criadas diversas nomenclaturas, no intuito de autoconhecimento para cada pessoa conseguir se aceitar. Somos seres diferentes e essa diferença é que nos possibilita crescer e evoluir continuamente.
                    A identidade de gênero é a maneira como cada um se vê, se entende, se expressa, correspondendo com o sexo biológico ou não. É senso particular de cada corpo, foi-se o tempo em que somente a igreja ou sociedade definia o que seríamos como pessoas. Identidade é a percepção que cada pessoa tem de si, sua convicção íntima de como ela se enxerga, independente de ser biologicamente macho ou fêmea, homem ou mulher, masculino ou feminino.
                    Assim, a ideologia de gênero entende que todos os seres humanos nascem iguais, entretanto o que faz uma pessoa ser ou se comportar, vestir, gesticular, falar e se apresentar dentro do conceito binário masculino-feminino faz parte dos padrões construídos ao longo dos tempos, não quer dizer que é certo ou errado, são maneiras que a sociedade encontrou para nos dividir e padronizar, mas o espírito não é obrigado a se encaixar. 
                    Para o espiritismo o espírito não tem sexo, gênero ou orientação sexual, ele escolhe um corpo novo a cada encarnação, corpo este propicio ao seu aprimoramento. Experimentar ou experienciar ambas as polaridades energéticas se faz necessário ao espírito para que possa evoluir com equilíbrio e sabedoria.  Joanna de Ângelis nos esclarece a importância e necessidade do espírito reencarnar em ambas as polaridades. ''A constituição do ser orgânico é decorrência de suas necessidades evolutivas, que são trabalhadas pelo perispírito na condição de modelo organizador biológico. Trazendo impresso os mecanismos da evolução nos tecidos sutis de sua estrutura íntima, plasmada a partir do momento da concepção do corpo, no qual o espírito se movimentará durante a vida humana, a fim de aprimorar o caráter e resgatar os compromissos negativos que ficaram para trás.''
                   Todos de certa forma já fomos homens e mulheres, afinal no planeta terra nos é permitido somente essas realidades corporais da matéria, mas o que sentimos, por quem somos atraídos e como nos vemos é único, íntimo de cada um. Precisamos parar de separar, colocar em modelos ou fórmulas os seres humanos. Somos todos espíritos a procura de felicidade e evolução. Que diferença faz o corpo que estamos habitando temporariamente? Em que mudará nossa vida a forma de nos vestirmos, falarmos ou sentirmos?
                  Somos uma centelha divina renascendo constantemente, tentando nos aprimorar moralmente, emocionalmente e eticamente, não importando o corpo, a sexualidade, a identidade e o gênero, mas sim o amor que desenvolvemos em nós mesmos. Ame-se sem nenhuma restrição, seja livre de preconceitos, de ideologias, de religiões e não permita ser manipulado. A vida é curta demais para se perder tempo discutindo com quem não tem nada a ver com sua vida. 
           

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