sexta-feira, 30 de abril de 2021

Mudanças exigem tempo e perseverança

                     Fala-se muito em mudanças íntimas, em equilíbrio de nossas emoções e sentimentos, mas será que realmente entendemos o que isso significa? 
                     O trabalho da renovação íntima exige de nós um olhar para dentro, para termos esse olhar é preciso perseverança, tempo para executar essa mudança e determinação. Perseverança é a palavra chave, por causa da necessidade de repetição contínua e sistemática na correção de nossos desvios e erros do passado e até da atualidade, afinal quem nunca errou que atire a primeira pedra.
                     A mudança ocorrerá através da determinação de querermos realmente mudar, precisamos de comprometimento e foco para não cairmos na tentação do comodismo. Atualmente estamos tão acomodados com tudo que para dar um passo como esse de mudança interna será preciso muito mais força e determinação do que anos atrás.
                     A modernidade faz com que recebamos tudo pronto em nossa porta, hoje em dia quase ninguém mais cultiva sua comida. Trabalhamos em frente a um computador e por ele resolvemos nossa vida, fazemos compras, pagamos contas, pedimos comida e até encontramos nossa cara metade; será que esse afastamento e até isolamento do convívio está nos ajudando nas mudanças internas ou nos afastando ainda mais?
                      Por vezes surgem situações em nossa vida em que somos obrigados a interagir e dar testemunho de nossa mudança intima, vejamos nossa atual situação no planeta terra. Passamos por uma pandemia mundial, muitos já morreram e muitos ainda irão contrair esse vírus, o que você tem feito para garantir sua segurança e proteger as pessoas com quem interage?
                       Se andarmos por alguns minutos nas ruas veremos que muitos não estão nem aí para o vírus, nem para sua própria proteção; muito pelo contrário, vemos pessoas circulando livremente, fazendo festas e levando o vírus para seus familiares. Esses dias um amigo comentou a tragédia que ocorreu com uma família, vizinhos seus. O jovem, filho mais novo dessa família, que por sinal eram religiosos praticantes, ele continuou frequentando a igreja em prol de ajudar aos que precisavam; num bate papo resolveram fazer uma festa de aniversário, somente pessoas da congregação, segundo ele, todos estavam se cuidando.
                        Passados alguns dias, sua vó adoece com um resfriado, sua mãe, pai e irmã não tiveram a mesma sorte, contraíram o vírus na forma mais letal e faleceram, sua vó sobreviveu com algumas sequelas e ele nada teve. Esse jovem foi irresponsável e trouxe a doença para dentro de seu lar, pois não conseguiu dizer não ao convite da festa, agora ele está em estado profundo de depressão, com pensamentos suicidas, afinal em sua mente tem a certeza que ajudou na morte de sua família. Será que esse vírus e tantas outras doenças que circulam ao nosso redor, não são formas de ajuda para nossa mudança interna?
                          Muitos acreditam que somente a fé poderá nos ajudar nessa renovação mental e mudança de atitudes. Entretanto a proposta de renovação, que Jesus nos convida a realizar, transcende a simples fé. Ela vai além das coisas mundanas e toca na essência de nosso espírito, na vontade verdadeira de tornar isso realidade.
                          A fé humana unida a certeza de que existe um Ser superior, uma essência maior nos apoiando e incentivando para nossa mudança é de certa forma um conforto, mas deveria ser um impulso. Não estamos sozinhos nesse infinito universo, se olharmos ao nosso redor, a natureza é perfeita assim como nossos corpos, cabe a cada um de nós acreditarmos que somos essências divinas vivendo temporariamente no planeta terra, estamos aqui para adquirir experiências, desenvolver o amor e a compaixão.
                          Já passou da hora de sentirmos, aprendermos e mostrarmos ao mundo que somos pessoas especiais vivendo uma vida de conhecimento e melhoramento, não viemos a passeio, pedimos para estarmos aqui nesse momento. É preciso libertar nossos olhos e mentes dessa cegueira emocional, assumindo que somos nossos maiores obstáculos. Pare de se vitimizar, tenha empatia com a dor alheia e transforme sua vida em algo produtivo e valoroso. Seja seu maior incentivador.

domingo, 25 de abril de 2021

Somos criados ao acaso ou existe uma inteligência coordenando tudo?

              Afinal, quem somos? O que somos? Existe um acaso em nossa criação, uma inteligência ou alguém manipulando dados e genética?
              São muitas as perguntas sem reposta ou sem um significado científico. A ciência nos descreve um mundo biológico e de acasos tão perfeitos que acabamos por acreditar e nos adaptamos a viver num mundo onde tudo sempre aconteceu mais ou menos do nada e sem motivo. Será realmente correto ou só não foi estudado o suficiente?
              Nos adaptamos as leis, as pessoas, aos governantes; o materialismo inspirou a vida por séculos, a ciência se rendeu ao mundo sombrio da mecânica clássica, vivemos estacionados no egocentrismo, onde o mais poderoso dominava o mais fraco e por muito tempo isso funcionou, mas atualmente nossa mente pensante já não aceita mais esse tipo de vida, queremos mudanças e motivações para permanecer vivendo nesse planeta.
               Tudo o que não era explicado pela ciência entrava no lado obscuro do ocultismo e da fantasia. Para muitos viver em meio a um universo-máquina, onde tudo é previsível e dominado por leis imutáveis é cômodo, esse comodismo nos prende, bloqueia qualquer instinto de mudança ou novidade.
                A criação ou desenvolvimento do ser humano como conhecemos atualmente era considerado pela ciência uma mutação ao acaso, biologicamente somos simples portadores de DNA, numa busca implacável da sobrevivência; onde caráter, honradez e ética eram simples consequências da posição dos átomos em nossas células. Nada fazia referência a consciência espiritual.
                O físico e matemático inglês Bertrand Russel afirmou que ao nos enxergarmos refletidos no espelho da física Newtoniana, estamos mergulhados no desespero inarredável ao qual ela se deu origem e concluiu que toda a labuta dos séculos, toda a devoção e inspiração, todo o brilho do gênio humano estariam destinados a extinção na vasta morte do sistema solar; e que todo o tempo da conquista humana deveria inevitavelmente ser soterrado sob os escombros de um universo em ruínas.
                 Por outro lado, a nova física, mas especificamente nos dizeres de Allan Wolf, PHD em física quântica, escritor e conferencista, nos trás um novo ar de liberdade e responsabilidade. A certeza do tudo, estava previsto na física Newtoniana, mas agora é substituída por um universo de possibilidades, e nesse universo de infinitas possibilidades, é nossa consciência quem realiza escolhas, ou seja, somos responsáveis por nossas decisões.
                 A física quântica trouxe para o universo da ciência a presença indispensável da consciência do observador, que passa de mero e impotente observador a co-criador da realidade.
                 Nas experiências com elétrons, já se sabe que o elétron assume o comportamento da onda ou da partícula ao qual ele está próximo, é a consciência do observador que fará ele adotar uma ou outra manifestação. É prova científica de que tudo e todos influenciam em nossas decisões e comportamentos, somos influenciados e eu diria que até manipulados pelo ambiente, pelas pessoas, pela energia.
                 A lei da física quântica é de interconectividade, tudo no universo está conectado, logo não há ações isoladas ou acaso. Nossa consciência influi no universo material, nas outras consciências e nos modifica de dentro para fora, tornando-nos arquitetos de nosso destino, afinal, somos o que fazemos de nós mesmos. A matéria perde sua substancialidade assim como a energia se muda e transforma.
                 A ciência conclui que o universo físico é essencialmente não físico, ao ponto de dizer que seus componentes básicos são energia e intenção e assim surge a hipótese do observador absoluto. E esperamos que assim como ocorreu com o século XX, onde se derrubou um a um os alicerces da perspectiva materialista, fazendo ruir seu edifício, metaforicamente falando; que no século XXI possa-se derrubar essa parede de ferro que ainda existe entre a fé e a inteligência. Para chegarmos pouco a pouco na equação: conhecimento científico + espiritualidade = sabedoria.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Chorar faz muito bem

            
              ''Porque a sua ira dura um só momento; mas a seu favor está a vida; o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.'' Salmo 30:5
              Estudiosos da mente humana afirmam que função evolutiva do choro é despertar empatia no semelhante e estimular o auxilio em momentos de necessidade. Na verdade, historicamente a cooperação entre indivíduos foi e continua sendo essencial para a sobrevivência da espécie humana.
              O choro libera hormônios e neurotransmissores que aliviam a tristeza e a dor, especialistas alegam que reprimir o choro, significa abafar os sentimentos, tornando ainda mais difícil viver e lidar com essas emoções. Por isso é tão comum ouvirmos de médicos e terapeutas a recomendação de deixar as lágrimas caírem, afinal o choro é terapêutico, junto com as lágrimas saem de nosso corpo todos medos, anseios e dores.
              Ao chorarmos, acessamos a essência dos sentimentos mais profundos, liberamos em forma de lágrimas toda essa amargura e tristeza que por vezes nos domina, ela necessita ser vazada, exposta, nem que seja de forma solitária. A melhor forma de trabalhar essa dor é em terapia, mas quando não podemos, chorar vai aliviar e acalmar nossa mente e coração.
              As lágrimas são um dos mecanismos de defesa de nosso organismo, liberamos dessa forma estresse, dor, medo, angústia, saudade e sofrimento, dessa maneira equilibramos nossas emoções. Sempre que reflito sobre o significado do choro, lembro que Jesus chorou muitas vezes, olhava o sofrimento e as atitudes humanas e chorava dizendo: ''Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.''
              Todavia, precisamos observar quando o choro é excessivo, pois deixa de ser terapêutico para se transformar em distúrbio. A tristeza em si é um estado transitório e comum, uma reação psicológica circunstancial, entretanto a depressão é uma transtorno, uma doença da alma. Uma pessoa depressiva padece de uma condição emocional crônica mantido enclausurado por uma ansiedade mental prolongada.
               O choro significa alivio, mas também uma forma de expressar o que está no fundo de nossa alma, cabe a nós terapeutas e amigos ajudar quem chora, ouvindo, amparando e chorando junto. Afinal hoje enxugamos lágrimas, amanhã poderemos estar no papel daquele que precisa chorar.
               ''Bem aventurados os que choram, pois serão consolados; bem aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia; bem aventurados os puros de coração, pois verão a Deus.''
               Quando sentir-se triste, quando a dor for quase insuportável, quando a saudade doer por demais, isole-se e chore, deixe que as lágrimas limpem sua dor, ponha pra fora toda essa emoção reprimida e sinta-se mais leve. Respire fundo e confie, amanhã será um dia melhor.
               Devemos viver um dia de cada vez, não dá pra querer esquecer uma dor de uma hora para outra, ninguém se muda ou se transforma de maneira rápida, mas sim lenta e gradativa. Não se compare a outros, a sua dor é única e verdadeira. Aceite, viva  e reflita sobre sua dor, seus sentimentos e suas emoções, tudo tem um motivo, aprendermos a lapidar nosso estado emocional.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

O mal que nos ronda em decorrência ao isolamento social

                 Viver em sociedade faz parte da natureza humana, somos sociais e gostamos de conviver em meio a familiares, amigos e colegas. Na codificação do espiritismo os espíritos orientadores nos disseram que "Deus fez o homem para viver em sociedade'', lhe deu as palavras e todas as outras faculdades necessárias para vivermos da melhor maneira possível.
                 Em termos biológicos, somos pessoas gregarias, ou seja vivemos em bandos e multidões, faz parte do processo evolutivo de todo ser vivo estar unido a sua espécie, por isso nascemos em meio a famílias e ao crescermos desenvolvemos a necessidade de constituir uma nova família ou participar de um grupo familiar.
                Os animais vivem em bandos, se agrupam em uma população mais ou menos estruturada, permanente ou temporânea, visando a proteção de todos, principalmente dos mais fracos, jovens e velhos. Para nós, humanos, viver isolado não é algo natural, pelo contrário, sentimos a falta do convívio e tendemos a sofrer com esse procedimento voluntário ou obrigatório.
                A constituição bio-psico-social humana gosta de ver, ouvir, sentir e tocar outras pessoas, por isso que essa pandemia que atualmente estamos passando, tem causado mudanças radicais em nosso emocional, muitos estão desenvolvendo doenças psicossomáticas com o isolamento social. O medo ronda nossos pensamentos e acaba nos aprisionando.
                Há dois fatores que justificam o isolamento social, guerras e questões sanitárias. A grande maioria de nós não existia no período da última guerra mundial, mas se já estivéssemos nascidos, muito provável a grande maioria dos civis teriam sidos obrigados a ficarem trancados em casa para sua própria segurança.  Não é a primeira vez que passamos por uma pandemia mundial, sempre que surgem doenças graves, infecciosas e transmissíveis é exigido da população permanecer em isolamento para reduzir a contaminação e a taxa de mortalidade.
                 São situações especificas e temporárias, que cessadas as causas geradoras, voltaremos a normalidade da convivência social. Para os seguidores do espiritismo, o isolamento absoluto é contrario as leis da natureza, pois os homens buscam instintivamente a sociedade e todos devem contribuir para o progresso, ajudando-se mutuamente.
                 O isolamento involuntário ou obrigatório, por guerras ou doenças, caracterizam ocorrências que marcam o nosso estágio evolutivo. As doenças indicam em maior ou menor grau que ainda somos espíritos enfermos, por isso que o espírito Emmanuel nos aconselha a agir com moderação e discernimento ante as enfermidades existentes no mundo: ''Não observe os semelhantes pelo caleidoscópio das aparências.''
                 É necessário reconhecer que nós somos espíritos em serviço na terra, estamos temporariamente encarnados, mas podemos retornar para nossa morada espiritual a qualquer momento, ante o volume de débitos que contraímos em nossas existências passadas, somos doentes em laboriosa restauração.
                 O planeta terra não é somente escola, mas também hospital para podermos sanar nossos desequilíbrios emocionais. A reencarnação regenerativa só acontece por meio de sofrimento e suor, que são na realidade nossa medicação compulsória. Somos todos enfermos pedindo alta. Compadeçamo-nos uns dos outros, a fim de que saibamos auxiliar a todos que passam por momentos de sofrimento e dor, estamos juntos por esse motivo. 

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Reencontro com entes queridos

               Conversando com uma amiga, a qual teve sua filha desencarnada em decorrência ao um câncer, surgiu a dúvida de como seria o reencontro delas no plano espiritual. Sabemos que a morte é uma transição, é a mudança de um mundo físico e temporário para o plano espiritual, nossa verdadeira morada. Deixamos para trás um corpo físico de carne, ossos e células para continuar vivo em outra existência, não morremos realmente, todo o conhecimento arquivado do plano espiritual e da vivência terrena permanece em nossa mente espiritual.
              De acordo com o livro O que é o espiritismo: ''O estado da alma varia consideravelmente segundo o gênero da morte, mas sobretudo, segundo a natureza dos hábitos durante a vida. Na morte natural, o desprendimento se opera gradualmente e sem abalo, começando mesmo antes que a vida esteja extinta. Na morte violenta, por suplício, suicídio ou acidente, os laços são partidos bruscamente; o espírito surpreendido, fica como que tonto com a mudança nele efetuada, e não acha explicação para a situação.''
             Quando partimos por doença, mesmo que já saibamos o que nos esperava, acontece um certo torpor momentâneo, algumas pessoas tem uma lucidez absurda nos primeiros momentos, para depois cair num sono profundo e reparador. Tenho acompanhado amigos e familiares nessas horas difíceis e é gratificante ouvir deles um agradecimento e até uma breve despedida, pois é imprescindível o descanso. Morrer é fácil, acordar lúcido no plano espiritual é outra coisa.
              Essa minha amiga sabe que a distância é dolorosa, mas entende que cada um de nós tem seu tempo, sua filha foi antes, pois assim estava programado, mas não quer dizer que ela não esteja sofrendo também, a saudade é uma dor que nos acompanha para onde formos. Como ela já passou o período de descanso, agora está se adaptando ao novo mundo, aos estudos e tarefas.
               Quem vai antes quase sempre fica nos esperando, partimos em meio a tristezas e sofrimentos do plano físico, mas ao chegarmos ao plano espiritual uma festa nos aguarda, esses reencontros é que fazem valer a pena a distância, pois para o amor não existem barreiras.
               Para os que tem dúvida se quem partiu sente saudades e quer estar junto, uma recém chegada ao plano espiritual me disse que era pra mãe dela ler a questão 289 do livro dos espíritos. ''Os espíritos vão ao encontro da alma a quem são afeiçoados. Felicitam-na como se regressasse de uma viagem, por haver escapado ao perigos da estrada, e ajudam-na a despender-se dos liames corporais. É uma graça concedida aos bons espíritos virem ao encontro dos que amam.''
               Nossos entes queridos nos esperam e vem sempre que podem nos visitar, muitas vezes sentimos o perfume, a presença e até a voz de quem já partiu, essas visitas são rápidas, mas acontecem sempre. Tenho observado que quando falo com alguém, sobre o ente já falecido, é comum o mesmo aparecer de forma breve para dar uma espiada. É evidente que isso não ocorre com qualquer um, somente com os que já estão preparados para esse tipo de contato.
                Quanto mais estudarmos, mais evoluirmos, mais fácil será nosso retorno a pátria espiritual e mais rapidamente poderemos abraçar quem está nos aguardado a muito tempo. No livro dos espíritos lemos: ''Depende da elevação e do caminho que seguimos em busca do progresso.'' O reencontro é consequência do nosso proceder, quando voltarmos ao plano espiritual teremos a oportunidade de andarmos lado a lado com os que amamos e que precisaram partir antes.
                 A morte nos dá uma nova oportunidade de aprendizado e mudança interna, afinal a prioridade do espírito encarnado ou desencarnado é conquista de valores morais. Esse aprendizado acontece nos dois lados da vida, tudo continua, muda-se somente a dimensão.