quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Trabalhando em um hospital espiritual

                Minhas noites são geralmente agitadas, quando meu corpo repousa para o descanso merecido do dia agitado, meu espírito se liberta das amarras físicas e segue rumo ao conhecimento no plano espiritual, muitas vezes vou a estudos e palestras, noutras vezes ajudo em resgates e trabalhos assistenciais em hospitais.
                Como já percorri um logo trabalho na vida física no meio médico, afinal foram mais de 20 anos trabalhando como enfermeira, aprendi muitas coisas e posso usar esse conhecimento na ajuda do equilíbrio físico e espiritual. Nos últimos anos minha dedicação mudou levemente de área, atualmente ajudo no equilíbrio emocional.
                 Quanto maior for o conhecimento, mais oportunidades de ajuda possuímos, portanto sempre tenho algum trabalho para desempenhar no plano espiritual. Nesta noite fomos ajudar em um hospital, a maioria das pessoas acredita que não existe vida após a morte física, mas como os espíritos já nos disseram a muito tempo, aqui na terra somos uma cópia do plano espiritual, portanto existe hospital, escolas, moradias de todo tipo, assim como jardins e locais de entretenimento.
                  Fomos ajudar algumas pessoas no atendimento emocional, são poucos os que acordam deste lado equilibrados, a maioria quer entender como a vida funciona, porque morreu e o que deve fazer daqui pra frente. Mas alguns já despertaram para a vida espiritual e entram em desespero por terem errado tanto. Fui ajudar Francisca.
                  Ela teve uma vida relativamente fácil, nasceu em uma família de posses, nunca passou necessidades físicas, mas no quesito amor foi bem diferente. Foi criada pelos empregados, seus pais viajavam muito e não lhe davam muita atenção. Com o passar do anos ela foi fazendo coisas para conseguir o amor e atenção que desejava deles. Ia a festas, se envolvia com qualquer pessoa, bebia e experimentou todo tipo de drogas para fugir da realidade, até que um dia desencarnou em um terreno baldio.
                  Ao acordar no plano espiritual no meio do lodo, vendo muitas pessoas na mesma situação, teve um momento de autoanalise e pediu por ajuda. Foi ajudada e agora está no hospital, sofre muito por não ter aproveitado a oportunidade de aprendizado, já não culpa seus pais, se culpa por ter seguido um caminho de autodestruição. Fui conversar com ela.
                 -Olá Francisca, como você está hoje?
                 -Igual a todos os dias, sem motivação.
                 -Ainda sofre com o passado? 
                 -Sim. Não sei quando terei outra oportunidade para voltar ao mundo físico.
                 -Porque você não aproveita o tempo para aprender coisas novas, pois dessa forma quando reencarnar saberá o que fazer nos momentos difíceis.
                 -Como faço para apagar minha memória e recomeçar do zero, acredito que dessa forma seria mais fácil.
                 -Existem técnicas para isso, mas se apagarmos completamente sua memória, será que não irá pelo mesmo caminho do erro?
                 -Eu não tinha pensado nessa possibilidade. O que fazer então?
                 -Que tal você aceitar que todos nós podemos errar, faz parte de nossa evolução. Os erros acontecem para que possamos ter maior discernimento e para não repetirmos as mesmas provas. O que acha de ir conversar com as pessoas que estão se preparando para reencarnar?
                 -O que vou dizer para elas? Afinal eu tive uma vida cheia de erros.
                 -Você poderá alerta-los para que não errem tanto. Contando suas dores e expondo seus medos, ajudará muitos a não irem por este caminho, sem falar que ao compartilhar tudo o que lhe aflige, tirará de sua mente este sofrimento. Isso será terapêutico para você e ajudará muito essas pessoas, pois levarão gravado em suas mentes certos ensinamentos que você já concluiu, ou seja, será benéfico para todos.
                 -Fatima, você acredita que eu posso ajudar alguém com a vida que levei?
                 -Eu não tenho a menor dúvida. Você não é mais aquela pessoas, foi transformada pelo sofrimento e poderá incentivar outros nessa mudança.
                 -Se você for comigo, tenho certeza que conseguirei ajudar alguém.
                 -Então vamos dar uma volta. Fiquei sabendo que tem um grupo reunido no andar de cima. Vamos lá?
                  -Vamos.
                  E dessa forma saímos em direção a sala onde se reuniam umas 20 pessoas num bate papo. Foi emocionante ver a Francisca falar, contar de seus medos, dos erros que cometeu e falando do quanto aprendeu deste lado. Ela emocionou a todos com sua história de vida. Fez novas amizades e saiu muito mais motivada a mudança e transformação. Esta foi mais uma noite proveitosa.
        
 

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Porque não lembro de minhas vidas passadas?

              Ao nos prepararmos para reencarnar, nossas memórias são arquivadas em nossa mente espiritual, nascemos sem nenhuma lembrança para não interferimos na vida atual. Mas algumas pessoas trazem lembranças vívidas em sua mente, porque é simples para alguns e tão complicado para outros?
              A lembrança de outras vidas, ou melhor, um pedaço dessas lembranças às vezes fica gravado em nossa mente para não repetirmos os mesmos erros. É comum ao conhecermos determinada pessoa, sentirmos afinidade e termos a certeza que já nos conhecemos. Nos casos de uma grande afinidade ou vínculo, podemos até lembrar parcialmente.
             Eu sempre tive muitas lembranças, com o passar dos anos fui entendendo que tudo tem um motivo. Lembro-me que desde muito jovem, sempre tive a necessidade de viver em outra cidade, eu não me identificava com a cidade, costumes e pessoas da região que nasci. Amo meus familiares, mas sei que é a primeira vez que nascemos juntos, não tenho muita afinidade. Inclusive desde minha infância sempre ouvi dos parentes que eu era diferente, meu tom de pele, minha forma de falar, meus gostos alimentares, tudo em mim destoa da família.
             Nunca levei isso muito a sério, sinto que sou diferente, tento me adaptar quando estou convivendo com eles, mas realmente não me sinto parte daquilo. É como se eu estivesse de passagem em uma cidade qualquer, passo um tempo e volto para minha verdadeira casa. Minha família sabe que pode contar comigo para o que for preciso, mas minha casa é em outro lugar. Atualmente já se acostumaram com isso.
             Na minha primeira infância, logo que comecei a falar, sempre dizia que essa não era minha casa, que eles não eram minha família. Segundo minha mãe, certa vez eu disse que era mãe dela. Ela estranhava um pouco, como pode uma filha ser tão diferente. Vai ver vem disso a necessidade de me levarem a todo tipo de benzedeira, terreiro, casa espírita e muitas orações na igreja católica.
             Perdi as contas de quantas vezes tentaram me exorcizar, com quantos galhos de arruda bateram em mim. Finalmente lá pelos meus 10 anos de vida, conheci um padre que acreditava que eu via espíritos e a partir daí ele me protegia. Este acontecimento foi um marco em minha vida. 
              Como eu era meia endemoniada ou bruxa, era obrigada a ir na igreja sempre. Certo dia conheci um frei bem idoso, fizemos amizade, ele sempre ficava num canto da igreja observando tudo. Levei um tempo até entender que ele era espírito. Estava conversando com ele quando o padre se aproxima:
               -Olá Fatima, está falando com quem?
               -Com o frei Paulo.
               -Com quem?
               O padre ficou meio pálido quando eu disse o nome do frei.
               -O frei me disse que vocês são amigos. Que ele ensinou muitas coisas para você. Ele está dizendo que aquilo que vocês desconfiavam era verdade. Por isso ele está aqui, buscava uma forma de falar contigo.
               -Impossível você estar conversando com o frei, ele morreu há mais de 20 anos. Como ele é?
               -Ele usa um vestido, tem um cordão branco amarrado na cintura com vários nozinhos. Tem barba comprida e branca, ele é careca e fala meio enrolado, mistura o italiano com o português, assim como minha família.
                O padre ia arregalando os olhos. Mas nunca duvidou das minhas visões. Anos depois me contou que ele e o frei haviam combinado de se comunicarem, caso houvesse vida após a morte. E eu fui o elo entre os dois. Naquele dia combinamos que eu só falaria com ele sobre minhas visões, até porque meus pais não entendiam e achavam que eu tinha o demônio no corpo. Como parei de falar sobre o desconhecido, minha família acho que eu estava curada.
                 Muitos anos após eu ter mudado de cidade e perdido contato com o padre, um dia ele apareceu na minha frente para dizer que ele havia morrido e que tinha reencontrado o frei e os dois juntos vieram me visitar. Nos vemos sempre que é possível.
                  Eu acredito que tanto as lembranças de outras vidas como os espíritos que conheci, só foram possível por causa de meu passado espiritual unido a muito estudo. Uma coisa é consequência de outra. Sem falar que eu sou meio São Tomé, tenho que ver para crer. Se não vejo, sinto, ouço ou percebo algo, não confio plenamente. Até gostaria de ter uma fé menos palpável.
                  Cada um de nós trará a lembrança de que necessita, nem mais, nem menos, essa é a realidade. Até porque, lembrar não é para qualquer um ou para os que querem, mas sim para os que farão a diferença. Cabe aos que lembram, dividir essa lembrança ou conhecimento. Num mundo onde os likes e curtidas valem mais do que a realidade, aquele que fala a verdade sem cobrar nada em troca, já está um passo a frente em sua evolução.