segunda-feira, 22 de março de 2021

Adereços necessários ou dispensáveis?

              É comum encontrarmos pessoas portando adereços em seus pescoços, pulsos e até dentro de suas carteiras e bolsos. Existe uma infinidade de figuras, figas, crucifixos, trevos, cristais, duendes em miniatura, entre outras coisas. Cada pessoa que carrega um determinado adereço acredita firmemente que seu corpo, casa e trabalho estão protegidos de todo e qualquer mal.
              Há também objetos, adereços e orações que garantem que além de nossa proteção, ajudam ainda a atrair coisas boas, sorte no amor, no trabalho e nas finanças. Será que realmente isso é verdade ou mais uma crença que teimamos em acreditar?
              Sempre que observo certas pessoas cheias de crenças e devoção, lembro-me da história do rei que tinha um filho que não sorria. O rei, enviou seus mensageiros por todo o reino a procura de alguém que conseguisse fazer seu filho, o príncipe sorrir. A pessoa que conseguisse essa façanha seria muito bem recompensada.
               Apareceram pessoas contando piadas e fazendo graça, tudo para provocar um sorriso no príncipe, mas ninguém conseguiu. Até que a madrinha do príncipe teve uma ideia, ela trouxe uma corrente de ouro com um pingente em formato de coração, afirmando que aquela joia era rara e milagrosa, se ele a usasse diariamente pendurada em seu pescoço, a alegria viria viver ao seu lado.
                E assim aconteceu, o príncipe começou a sorrir, sua alegria causou uma enorme felicidade ao rei que já não sabia o que fazer com tanta tristeza sentida por seu filho. Passado meses do ocorrido, o príncipe volta a mergulhar em uma tristeza sem fim, a desculpa foi que ele havia perdido o cordão com seu medalhão.
                Todos saíram a procurar, cada canto do palácio era revistado com lupa a procura desse cordão de ouro, até mesmo o príncipe saiu a procurar pelas estradas ao redor do castelo, a cada dia procurava mais longe. 
                Certo dia, exausto de tanto procurar, acabou se afastando de seus serviçais, recostado em uma árvore observa as crianças brincando. Ele sente vontade de brincar, afinal nunca teve outras crianças com quem brincar, todos cuidavam dele ininterruptamente.
                Perdido em seus pensamentos e observando que aquelas crianças corriam e de tempos em tempos, paravam para beber água e comer um pedaço de pão ou fruta. Elas brincam e se alimentam, sorriem e gesticulavam, nenhuma tinha um cordão de ouro, afinal só o cordão poderia deixa-las tão felizes assim, resolve se aproximar para saber qual é o motivo para tanta alegria.
               -Porque vocês riem? Perguntou o príncipe e ouviu como resposta:
               -Porque estamos felizes.
               -Mas vocês podem ser tão felizes se não tem um cordão de ouro pendurado em seu pescoço com um pingente de coração?
               -Não precisamos de nada pendurado ao pescoço. Estamos felizes porque temos pais que nos amam, temos um pão saboroso que nos nutre, temos leite de cabra e frutas para saciar nossa sede e fome, não precisamos de mais nada. Somos felizes por viver, por poder brincar, cantar e louvar a Deus que nos criou.
               Depois dessa conversa o príncipe nunca mais foi triste, afinal ele possuía tudo e não havia motivo para não ser feliz o tempo todo. A vida é curta demais para ficarmos tristes e enfurecidos com coisas pequenas. Existe uma imensidade de coisas a serem feitas, lugares a serem conhecidos e pessoas a serem amadas.
                Devemos aprender assim como o príncipe que a alegria vem de dentro, nada material que venha de fora poderá nos conceder paz, serenidade e alegria. Tudo que se refere ao estado da alma vem do espírito, somente ele e mais ninguém é o promotor de sua felicidade ou infelicidade.
                Muito mais importante do que adereços ou talismãs são nossos valores morais, assim como é muito mais importante nos preocuparmos com nossos pensamentos, nossa intimidade. Se queremos atrair boas companhias espirituais, precisamos mudar nosso padrão mental. Não será um cristal, uma corrente ou um pingente que fará isso, mas sim nossa mudança moral, ética e mental.
               Não há problema algum em gostar de pulseiras, colares e adereços, o verdadeiro poder está em nosso sentir e agir no bem. Para atrair sorte é preciso vibrar amor, perdão, compaixão e serenidade por todos os lados, somente assim teremos uma vida plena, alegre e feliz. 
               

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