segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Abandono emocional

                ''Ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo se renova dia a dia.'' 2Coríntios 4:8
                Vivemos uma época de avanços intelectuais, tecnológicos e científicos e mesmo assim, nunca em tempo algum da humanidade passamos por tantas perturbações sociais. A criminalidade, a violência e a corrupção estão andando ao nosso lado, somos reféns de uma grande cartase social. Convivemos diariamente com intolerância em todas as instâncias, estupros, atentados, suicídios, fome, miséria, desestruturação da base social, da família e o triste abandono das crianças que herdarão esse planeta.
                 A educação de nossos jovens está a deriva, afinal são eles os que mais sofrem com a violência, como se já não bastasse o grande nível de mortes por desnutrição, drogas, acidentes de trânsito, balas perdidas e suicídios, em um país tropical como o nosso, ainda temos que lidar com doenças causadas pelo descuido e sujeira, aumentando assim os mosquitos, bactérias e vírus. Quando crianças e jovens aderem a pulsão de morte e destruição, significa que a vida não é importante.
                O ser humano do século XXI tem cada vez mais conhecimento e controle do mundo exterior, porém tem se afastado com a mesma intensidade de seu mundo interior. Aprendemos a dominar algumas forças da natureza, construímos diques, pontes, barragens e abrigos, porém não conseguimos nos dominar emocionalmente, nem tão pouco nos conhecemos.
                Segundo o pediatra e psicanalista inglês Donald Winnicott, o ser humano é dotado de uma tendência inata ao amadurecimento, tendência essa que requer um ambiente facilitador e a presença constante de um agente suficientemente bom para ajuda-lo a desenvolver-se na primeira infância, período que se estende até os seis anos de idade mais ou menos. 
                Os primeiros anos de nossa vivencia na terra são marcados por intensos processos de amadurecimento bio-psíquico-emocional. É uma fase determinante para a capacidade cognitiva e sociabilidade do individuo. As crianças precisam de amparo, compreensão, oportunidades e estímulos, para que possam desenvolver suas aptidões, assim como criar vínculos afetivos, sentimentos de pertencimento, autoconfiança, responsabilidade e amorosidade.
               A falta desses estímulos está criando adultos doentes emocionalmente, a cada dia centenas de pessoas são diagnosticadas com transtornos mentais e distúrbios de comportamentos, fobias, depressão, ansiedade e uma grande falta de responsabilidade com a esfera humana e social.
               Estamos criando adultos frágeis, cheio de melindres e achismos, cada vez menos encontramos pessoas éticas e com empatia, falta compaixão, juízo crítico e capacidade de suportar limites. Desde a infância não aceitamos reprovações ou questionamentos. Existe uma estimulação e aplauso pela instantaneidade do prazer a qualquer custo, a felicidade é uma fotografia nas redes sociais com muitas curtidas e comentários. Estamos disseminando o mal e nem percebemos.
               A segurança emocional de nossas crianças, jovens e futuramente dos adultos está em jogo. Precisamos organizar um ambiente familiar estável, ensinar nossos jovens a pensar, a questionar e amadurecer de forma ética e amorosa. Quem não se ama, jamais poderá amar outra pessoa.
               Cabe a cada um de nós que estamos vivendo este momento épico no planeta terra, despertarmos de nosso comodismo e assumirmos que todos estamos no mesmo barco, ninguém cresce e evolui sozinho, somos uma partícula do todo. Estamos vivendo temporariamente aqui e precisamos ensinar os que aqui permanecerem para dar continuidade a vida ecológica, biológica e emocional do planeta, afinal, um dia voltaremos.
                  

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