quarta-feira, 15 de março de 2017

Recordando um triste passado

        Após minhas orações, fechei os olhos e vejo que não estou sozinha no quarto, meu amigo e protetor Alberto estava esperando que eu saísse do corpo físico, e fala:
        -Hoje quero te mostrar algo?
        -Mas assim tão rápido? Nem dá tempo deu descansar um pouco?
        -Já descansou muito em outras vidas em que ficou alheia a espiritualidade, agora é recuperar o tempo perdido.
         Pegou-me pela mão e um clarão abriu-se em meu quarto, adentramos na claridade e saímos num lugar totalmente desconhecido para mim. Parecia uma cidade ou vilarejo muito simples de séculos atrás, concluí pelas roupas e construções.
          -Que lugar é esse?
          -Observe mais atentamente e veja se reconhece algo.
          Com essas palavras era certeza que em alguma vida eu vivi ali. Observei, olhei e vi uma mulher que me pareceu familiar, aí perguntei:
           -Sou eu aquela mulher?  Pois ela me aprece familiar.
           -Não, você não foi mulher nessa vida, observe melhor e irá se reconhecer em outra pessoa.
           Esse tipo de recordação é algo normalmente doloroso, pois vejo as cenas tão vivas que muitas vezes até esqueço que é passado. Recordar de alguma vida sempre tem um motivo forte, na maioria das vezes é pra que a gente não cometa os mesmos erros.
           Vejo um jovem senhor de seus 50 anos mais ou menos, entrando na casa, o olhar e o jeito de caminhar é idêntico ao meu, sinto uma sensação de já ter vivido isso, um sentimento de raiva forte tenta me dominar. Raiva da vida, da esposa, dos filhos. Olho para meu protetor e ele percebendo meus sentimentos responde:
            -Este é Joseph, pai de família que acaba de perder tudo no jogo, inclusive a esposa e filhos; pois ele os vendeu para conseguir quitar suas dívidas. Sua esposa e filhos serão escravos por causa de seu vício.
            Fico sem palavras, ouço os pensamentos de ódio e raiva da mulher e dos filhos de Joseph em minha mente e isso me faz ter enjoo.
            -Que monstro eu fui, como pude fazer isso com minha família?
            -Somos todos monstros em alguma determinada vida, mas o Pai sempre nos ampara para que possamos nos melhorar e resgatarmos nossas dívidas. Isso que ocorreu era algo comum nessa época, onde os homens tratavam suas famílias como propriedade e moeda de troca.
            -E porque você me trouxe para ver esse episódio triste de meu passado?
            -Lembra-se que dias atrás você estava entre amigos, quando alguém comentou sobre casamento e família, qual foi sua resposta?
            -Bem, eu respondi que ainda não tinha surgido nada interessante ao ponto deu querer mudar minha vida de solteira e que muitas vezes acho que isso não vai acontecer.
            -No fundo você sempre sentiu que essa não seria sua meta de vida, afinal certos sentimentos sempre ficam no inconsciente e nos dão alguma dica do caminho a seguir.
            -Isso é verdade Alberto, nunca fui sonhadora como minhas amigas, sempre tive o pé no chão e sou muito racional para uma mulher, eu já desconfiava que tinha algo a ver com meu passado.
            -Seu instinto é racional, coisa rara na atualidade, pois a grande maioria das pessoas é razão ou emoção, ainda estão procurando este equilíbrio que você já adquiriu com suas vivências e sofrimentos.
            -Eu não vejo muita vantagem nisso, as vezes gostaria de ser igual a multidão que me cerca, não é fácil ser racional num mundo cheio de emoções. Ser médium e conviver com sensações, visões e lembranças...
             -Fácil não é mesmo mas, com essa sua vivência vai eliminar muitas dívidas, dores e aflições. Ter  marido e filhos não é importante, mas evoluir, crescer e aprender a conviver com as dificuldades é o melhor aprendizado. Agora vamos trabalhar pois a noite é longa no caminho do bem.

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