segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Desabafo de um espírito que sofre

        Ah o dinheiro! Quanta ilusão se cria em torno dele, em torno da riqueza, da busca desenfreada pelo sucesso, por ganhar muito dinheiro. Chega a ser um vicio, fica-se viciado em ser rico e ter muito dinheiro.
        Quando se ganha através do trabalho ainda vá lá, o problema é quando se quer ganhar sem esforço, de forma ilícita, através de ações condenáveis. Não sou contra quem ganha seu dinheiro através do trabalho, mas condeno os que como eu ficaram ricos através do sofrimento alheio. Para esses, a dor do remorso é grande.
          Somente após minha morte física é que entendi quanta besteira eu fiz, quanta gente prejudiquei para ter uma vida de luxo e prazer. Hoje percebo que poderia ter tido uma vida feliz e com certa tranquilidade através de meu trabalho, mas na época era pouco, eu queria sempre mais.
          Vivi no luxo e pisando nas pessoas, nunca pensei na morte. Eu precisava ser reconhecido, amado, idolatrado. Quanta bobagem, no lado de cá nada disso importa.
          Levava minha vida sem me importar com nada, quando a morte bateu em minha porta reclamei, afinal eu estava ainda com pleno vigor físico e mental, era um desperdício morrer e deixar tudo para trás. Quando percebi que tudo o que eu amava, ou seja as coisas, os bens materiais; as pessoas nunca foram muito importante para mim, quase enlouqueci.
         Quando se morre, tudo fica do lado de cá, casa, carros, dinheiro, até nosso corpo físico que eu tanto cultuava, nada se leva junto, somente as experiências e aprendizados. Eu trouxe muito pouco, minha bagagem, nos primeiros anos do pós morte eram só reclamações, chorro e raiva por ter perdido tudo.
         Aos que como eu gostavam de acumular dinheiro, cuidado. Eu sofri muitos anos por não conseguir me desapegar dos bens materiais, fiquei preso aos meus carros e patrimônio, enlouqueci meus familiares, pois muitos me viram circulando pela casa. Quando realmente despertei para o mundo espiritual, já era muito tarde, minha consciência me cobra diariamente o mal que cometi e o bem que deixei de fazer.
          Ninguém precisou me falar nada, eu mesmo me cobro, quero me castigar muitas vezes por ter sido tão fútil e burro. Não ajudei ninguém, fui avarento, egoísta e só beneficiava os que me bajulavam. Triste situação.
         Agora tento me redimir avisando os que como eu dão mais valor aos bens do que as pessoas, mudem meus queridos, aproveitem que ainda estão encarnados para fazer a mudança interior. Não se apeguem a nada, a vida é para ser usufruída da melhor forma possível.
         Para mim só resta fazer a mudança em minha próxima encarnação, mas muitos não me querem por perto, afinal eu fiz por merecer. Nascerei em uma família humilde para aprender a valorizar cada alimento, cada sentimento, cada emoção. Até mais amigos, quem sabe ainda nos vemos aí na terra.

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