segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Porque esquecemos do passado?

          Hoje em dia são poucas as pessoas que não acreditam em reencarnação, mesmo para aqueles que frequentam religiões mais impositivas, existe quase um consenso brasileiro sobre vida após a morte. O espiritismo é conhecido por muitos, Chico Xavier dedicou sua vida a disseminar o conhecimento da doutrina através de livros, poesias e cartas consoladoras de filhos e amores que já partiram.
          Aceitamos a reencarnação, mas como aceitar que todo o conhecimento e vivências de outras épocas é esquecido? Porque não lembar do passado? Será que nos causaria algum mal estar?
          Segundo o livro dos espíritos, questão 392: '' o homem não pode e nem deve tudo saber, sem o véu do esquecimento que lhe cobre certas coisas, ficaria deslumbrado, como aquele que passa, sem transição da obscuridade à luz''. E os espíritos nos dizem mais: '' a cada nova existência, o homem tem mais inteligência e pode melhor distinguir o bem do mal. Onde estaria o mérito se ele lembrasse do passado?''
          Esquecer do passado é uma benção, se hoje somos o nosso melhor, imagina o que já fizemos? Imagina você lembrar de tudo, creio que não teria como viver, afinal nascemos sempre em meio as mesmas pessoas, ou seja, nos maltratamos vida após vida, com ódio, rancor, vinganças. Como seria se lembrássemos que nosso amor de hoje foi nosso inimigo de ontem, que fomos colocados próximos para nos reconciliarmos?
           Tenho observado casos extraordinários em consultório, trabalho com hipnose e regressão clínica, na maioria das vezes nossos transtornos estão relacionados ao passado e muitas vezes a regressão é uma ótima ferramenta de auxílio e cura.
           Certa vez em um atendimento terapêutico em que procurávamos a causa de tanto ciúme e medo de perder seu amado, durante uma regressão a paciente se viu em um lugar desconhecido, estava dentro de uma pequena jangada, ela e seu amor. Falou-me que estavam indo para outra cidade recomeçar suas vidas, o vilarejo onde moravam não possuía trabalho e não queriam que seu filho nascesse em meio a miséria e fome. Começou a chover forte, eles estavam longe da margem, era preciso aguentar a tempestade para chegarem ao outro lado do rio.
          A chuva só aumentava, por causa dos fortes ventos o rio se agitava ainda mais, o medo foi tomando conta do casal, afinal não podiam fazer nada além de esperar a chuva parar, não havia motor na jangada, apenas pedaços de galhos para ajudar nessa travessia. A vento e a chuva pioraram ao ponto da jangada virar, ela sabia nadar e se agarrou a um pedaço de madeira e com muito sacrifício conseguiu chegar até o outro lado da margem. Ele não foi tão feliz, não sabia nadar tão bem e acabou por se afogar.
          Minha paciente conta que foi resgatada por um casal de idosos que ajudaram a reconstruir sua vida com o bebê, mas ela nunca esqueceu seu amor e agora que o tinha reencontrado e estava grávida, todo aquele sentimento e sofrimento retornara.
          Após a regressão ela sentiu-se mais leve, pois sempre esperava por algo ruim que pudesse acontecer, como isso já tinha acontecido, mudou seu pensar e hoje vive muito feliz com seu marido e filho. No caso dela a lembrança ajudou a mudar seu sentimento de perda por aceitação, começou a valorizar cada momento de aprendizado que teriam juntos, mas imagina se fosse diferente, se ela lembrasse que noutra vida ele a havia matado? Eu acredito que tudo tem um motivo e momento, só lembramos o que nos é permitido para ajudar em nossa evolução.
          Esqueça o passado, foque no hoje, pois se for necessário lembrar, tenho certeza que isso acontecerá em terapia ou através de um sonho. Confie e acredite que o universo sempre gira a seu favor.   

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