Fique em casa

         Nós nos acostumamos a viver fora de casa, muitas vezes saímos cedo para o trabalho e só retornamos altas horas. Passamos boa parte da vida envolvidos com trabalho, amigos e laser fora das paredes de nosso lar, perdemos o hábito de ficar em casa, afinal quando lá estamos fazemos de tudo para sair, nem que seja para o mundo virtual, estamos fugindo de nós mesmos.

          Mas de uma hora para outra o mundo nos obriga a sossegar e ficar preso em casa. Vivemos momentos em que certas doenças que já estavam erradicadas, estão voltando com força total, uma gripe se transforma em pandemia mundial. O que fazer quando para se estar seguro, viramos prisioneiros dentro de nosso próprio lar?
          O tempo não passa, são horas e mais horas em que pensamentos negativos tomam conta de nossas emoções, o medo cresce assustadoramente em cada um de nós. Será que ficarei doente? Terei dinheiro para pagar minhas despesas?
          Nossa mente racional procura por culpados, é preciso jogar o peso da responsabilidade para alguém. Mas se não existirem culpados, qual será o aprendizado dessa pandemia? Será preciso uma audiência judicial ou medida preventiva para que cada um de nós aproveite o tempo livre para refletir e se conscientizar que o autoconhecimento é mais que necessário?
          Precisamos desenvolver um entendimento de que somos parte do coletivo, ninguém vive ou evolui sozinho, fazemos parte de uma rede, onde tudo o que acontece em qualquer parte, afeta e reflete no todo. Já passamos tempo demais tentando desenvolver empatia, senso coletivo e em busca do crescimento espiritual, agora o momento é de praticar tudo o que foi aprendido.
          A grande maioria da população frequenta algum centro religioso, mas todos estão fechados para que possamos entender que cada um de nós é um templo, a luz maior não está na instituição que frequentamos, mas sim, vive dentro de cada ser vivo.
          O mundo atual precisa de trabalhadores, precisamos de voluntários que queiram fazer a diferença, o momento é de reflexão, recolhimento, caridade e cooperação. Nada acontece por acaso e sem a permissão divina. O isolamento social não é apenas para você manter sua saúde física, o momento é para aumentarmos nossos aprendizados no lado emocional, mental e espiritual.

           O afastamento físico é também um convite ao respeito e preservação de seus ancestrais e uma reconexão com seus descendentes, que muitas vezes são criados por estranhos e de modo automático. Talvez nos falte conforto excessivo ao qual estamos acostumados, talvez você precise se adaptar a viver de uma forma mais simples, mas o que não pode faltar é o amor.
           Quando tudo isso passar, pois tudo sempre passa, afinal não há mal que sempre dure e nem bem que sempre perdure; quando esse dia chegar teremos aprendido valiosas lições. Agora é momento das folhas caírem, de silêncio, de conexão com a mãe terra, de perseverança, de paciência, de auto amor.
            Só conseguiremos verdadeiramente apreciar as flores, quando entendermos e compreendermos os galhos secos. A natureza já aprendeu a valorizar as estações, agora depende de nós humanos, moradores temporários desse planeta, entendermos que há momentos de plantio e há momentos de colheita.
           Fique em casa, se reconecte a seus sentimentos, familiares e amigos, assuma o controle de suas emoções, se preocupe somente com o essencial, deixe de lado tudo o que suga a sua energia, que sua luz brilhe ainda mais em tempos de escuridão.