terça-feira, 14 de junho de 2022

O que fazer com o vazio existencial

                Ao nascermos no planeta terra, iniciamos um novo ciclo de aprendizados e mudanças. Neste novo lar, vamos conviver com pessoas que se comprometeram a caminhar ao nosso lado nas novas provas e adversidades que iremos enfrentar. A vida não é um mar de rosas, mas sim, um emaranhado de espinhos que precisamos eliminar de nossa jornada espiritual.
                A vida no plano físico é uma breve passagem, diante da alma imortal que somos, mas nem por isso essa experiência é fácil, muito pelo contrário, muitas vezes nos deparamos com um vazio existencial que teima em permanecer atrelado em nossa mente. Por que nasci nessa família específica? Por que passo por tantas provações e sinto falta de algo que nem sei direito o que é?
                Em média vivemos de 70 a 80 anos, este corpo na grande maioria das vezes é como uma prisão. É comum sentirmos falta de algo ou alguém, mas ao nascermos esquecemos tudo o que foi vivido e também quem amamos. Segundo os espíritos amigos isso é uma benção, mas para nós que estamos sofrendo não é bem assim.
                Segundo a ciência e alguns textos espíritas, do nascimento aos 25 anos estamos nos construindo como pessoas e nos adaptando ao novo corpo, família e modo de viver. A partir dos 15 anos o espírito começa a assumir sua identidade, ou seja, nossa personalidade espiritual aos poucos vai ditando as regras e normas de nossos pensamentos, sentimentos e ações. É na adolescência que muitos se revoltam, afinal é nessa idade que realmente assumimos a vida no corpo físico.
                Dos 15 aos 50 anos construímos nossa vida, escolhemos uma profissão, um modo de vida e nos identificamos com outros que pensam igual. Mas nem todos conseguem se adaptar facilmente, existem os que passam esse período em guerra interior, em questionamentos e dúvidas. Vivemos seguindo regras e modelos pré existentes, que quase sempre nos privam de questionamentos, isso realmente não é para todos que funciona. Muitos ainda trazem gravados em seu intelecto a rebeldia do passado, isso pode transformar a vida atual em uma enorme tristeza.
                 As grandes dúvidas surgem neste período, pois estamos nos tornando adultos e é esperado de nós, certos posicionamentos que ainda não temos. A sociedade humana pode ser muito rígida com quem não está seguro em suas decisões e posicionamentos. Até que ponto isso é bom? Será que devemos pensar igual a todo mundo, gostar do que todos gostam e agir de forma robotizada?
                Chegar aos 50 anos com uma mente pensante e ativa é item raro na atualidade, pois existe um preconceito enorme em quem não construiu uma carreira vitoriosa, em quem não formou uma família e criou filhos. Estamos engessados em dogmas e ideias pré estipuladas, ao ponto de ridicularizar aquela pessoa que não segue os padrões e conceitos de uma sociedade falida e totalmente adoecida.
               Nos disseram que aquele que não seguir a maré não é aceitável, portanto será excluído, e muitos para não caírem no esquecimento, adentram a um caminho sem volta da auto sabotagem. Concluem que merecem sofrer pelo fato de não conseguirem uma carreira definida, não são respeitados por seus méritos ou por não encontrarem um amor. Será que a felicidade só virá se todos pensarmos e agirmos da mesma forma?
               A partir dos 50 anos começamos a encarar a vida de forma diferente, o que os outros pensam já não nos afeta tanto. Chegamos a conclusão que já vivemos mais da metade da vida fazendo o que esperam de nós e agora é o momento para fazermos as mudanças, afinal não nos resta tanto tempo assim. É nessa fase que muitas pessoas abandonam a vida que levam, muitos começam uma nova carreira, uma que seja prazerosa e que muitas vezes não lhes traz muitos ganhos financeiros.
               É nessa fase da vida que alguns se dedicam ao trabalho voluntário, decidem jogar tudo pro alto e viver um amor sem cobranças e ciúmes. Cansaram de dar satisfação e resolvem dar um salto sem paraquedas, ou seja, recomeçam uma vida nova sem auto cobranças.
               Há essa altura da vida é comum buscarmos por pequenos e sinceros prazeres, queremos algo que realmente nos agrada. Muitos focam no autoconhecimento, na busca por uma espiritualidade e nos preparamos para a grande viagem de retorno ao plano espiritual, mas que esse dia demore muito, afinal, nos perdemos de nossa essência e agora que realmente encontramos o caminho para a paz interior, queremos vive-lo intensamente. 
               Aquele vazio existencial que nos acompanhou por décadas, já apaziguou, nossa mente já não nos cobra de mais nada, pois temos a certeza que a vida é curta demais para perder tempo pensando no que não realizamos. O foco é viver cada segundo como se fosse o último, afinal, um dia será realmente o último minuto neste planeta e neste corpo. 
               Quando este último minuto chegar, eu quero estar o mais leve possível, tranquila com minhas decisões e feliz por poder voltar para casa, carregando em minha bagagem muitos conhecimentos e muitas alegrias, pois vivi segundo minha vontade e meu discernimento.    

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