sexta-feira, 8 de julho de 2022

A lei universal é para todos, não existem pessoas boas ou ruins, mas sim pessoas que cometem erros

                Há momentos em nossa vida que precisamos renovar as esperanças, mudado posturas, sentimentos e mágoas, que quase sempre estão enraizados no medo ou no ressentimento. A vida é um nascer, crescer, envelhecer e morrer, para renascer novamente em outro corpo, cidade ou planeta, somos espíritos vivendo uma experiência humana e cheia de provações.
               Quem me conhece, sabe que sou uma pessoa falante e me comunico sem rodeios, na maioria das vezes meu jeito extrovertido é o chamariz para certas pessoas, dias desses em uma atendimento espiritual, deparo-me com um ser um tanto revoltado, o espírito que se comunicava através de um médium disse-me:
               -Porque preciso ficar próximo a esse padre que tanto mal me fez?
               -De que padre você está falando?
               -Deste rapaz pelo qual estou me comunicando, ele está disfarçado, mas eu o reconheço. Este infeliz matou milhares de pessoas, inclusive minha família. Você não vê a multidão de corpos que ficou por onde ele passou?
                Percebo que o espírito falava do médium e tentava me convencer que o mesmo era ruim e que ele e sua família eram as vitimas. Mas como bem sei que não existem vitimas reais, mas sim situações pelo qual precisamos passar, perguntei-lhe:
                -Quem de nós nunca matou alguém? Certamente que tanto eu como você já fizemos coisas ruins e das quais nos envergonhamos. Aqui não existem santos, mas sim pessoas tentando se modificar.
                Fica nítido que ele não gosta de minha colocação, se mexe constantemente, tenta gesticular algo inapropriado, mas como tem medo de ser descoberto, se contém.
                -Não mude de conversa, estou aqui para me vingar desse padre, não estamos aqui para falar de mim, até porque eu não lembro de nada. Estou esperando a volta de Jesus, para que esse padre seja levado ao inferno e sofra a eternidade.
                Vejo um caminho para faze-lo entender que a vida é mudança e não estagnação. Prossigo em meu raciocínio e digo-lhe:
                -Há quanto tempo você espera por Jesus? Não sabe que nós trabalhamos em nome dele?
                -Como assim? Ele já voltou?
                -Ele não precisa voltar, pois deixou seu grande ensinamento que é o amor. E em nome deste amor é que você está aqui para um novo recomeço. Afinal como você pode estar esperando por Jesus este tempo todo? Fazem séculos que teu corpo morreu e você continua vivo e agindo normalmente.
                Sua postura mudou completamente, fica alguns segundos refletindo, demonstra uma agitação maior e pergunta:
                -Essas pessoas que vejo estão com você? Reconheço alguns que conviveram comigo. É realmente verdade que eu morri e fiquei aqui no limbo esperando por Jesus? Porque não fui levado para o céu? Eu sou religioso, temente a Deus e não lembro de ter feito mal algum, não lembro de ter morrido.
               -Todos nascemos e morremos para renascer novamente em outros corpos. Como você reconhece o padre se ele está em outro corpo?
               -Você conhece a arte da feitiçaria, não tente me manipular, já te falei que sou temente a Deus, e Ele me guia e protege. Não existe nada além do céu, da terra e do inferno, pare de fazer feitiços com minha ingenuidade. Estou vendo alguns padres e freiras, pedirei que façam um exorcismo em você.
               -Meu amigo, não sou feiticeira, tente lembrar de sua última vivência, visualize nessa tela que estou projetando bem a sua frente. 
               -Não quero ver nada, fecharei meus olhos para esse tipo de feitiçaria.
               -Você não precisa dos olhos para ver, afinal todas as lembranças estão em sua mente. Tenho certeza que neste momento, um filme da sua vida está se passando em sua memória. Aceite meu amigo, você morreu e continua vivo, está na hora de desistir dessa vingança, afinal estão me dizendo que não foi exatamente o padre quem ateou fogo na vila, matando centenas de pessoas.
               Neste momento ele quase para de respirar, muda completamente sua postura e falando baixinho me diz:
               -Realmente agora eu me lembro, em um momento de lucidez eu dei cabo de minha vida, tomei aquele veneno, pois não merecia continuar vivo após ter feito tanto mal as pessoas que me amavam. Como me deixaram andar por aí, eu deveria estar queimando no fogo eterno.
               -Não existe este local que a igreja inventou, o verdadeiro inferno é convivermos com nossas lembranças. Estão me dizendo que algumas pessoas estão a sua procura. Abra os olhos meu amigo e encontre sua família, está na hora de vocês se reconciliarem e continuarem a caminhada da evolução. 
               Muito constrangido ele olha para o lado e vê amigos e familiares, começa a chorar, pois não acredita ser merecedor de tanto amor e perdão. Digo-lhe para ir ao encontro deles, pois será preciso ele se recuperar em um hospital, a mágoa e o veneno ingerido, fez surgir em seu estômago e coração um buraco que causava dor extrema e aos poucos estava dissolvendo parte de seu corpo espiritual.
               É comum vermos em alguns espíritos desencarnados, uma apatia constante e uma fuga da realidade, eles se perdem no pós morte física, nem percebem que a vida continua, e por causa das falhas ou erros cometidos, quase sempre estão se punindo. A falta de amor próprio e auto perdão, se compara a uma faca de dois gumes que fica encravada em nosso corpo, corroendo os sentimentos aos poucos e causando muita dor. 

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