O ano era 1940, a guerra estava em todos os lugares do planeta, uma família vendo que não conseguiriam sobreviver na região que moravam, pois as tropas se aproximavam, decidiram sair de sua casa. Para fugir dos horrores da guerra, perceberam que a única alternativa seria atravessar as montanhas que circundavam o vilarejo e migrar para outro país, onde a guerra ainda não havia chegado.
A família era composta por vinte pessoas de várias idades, desde um bebê recém nascido, com meses de vida até o avô de quase oitenta anos. Reuniram-se para planejar a viagem, afinal seria um momento difícil para a família, além dos obstáculos naturais, havia ainda a diferença de idade que poderia atrasar a chegada de todos do outro lado da montanha.
O avô percebendo a preocupação de todos disse: deixem-me, serei um empecilho para vocês, já não tenho tantas forças para poder ajudar carregando comida ou algum bem material. Os soldados certamente não irão se importar com um velho como eu.
Os filhos não permitiram que o pai ficasse para trás, afinal eles são uma família e precisavam ficar unidos. O pai tinha gravado em sua memória toda a história da família, era imprescindível para as próximas gerações.
Com tudo organizado, partiram rumo a uma vida melhor longe dali. A caminhada era feita em silêncio, a montanha era íngreme e todos deveriam poupar suas forças para conseguirem terminar o percurso, de tempos em tempos paravam para descansar e se alimentar.
Mesmo com as constantes paradas, era visível que o avô estava mais cansado que todos. Ele sentou numa rocha e disse quase sem folego: Deixem-me, eu não vou conseguir, continuem sozinhos, irei recuperar minhas forças e voltarei para o vilarejo, não quero atrapalhar vocês.
-De jeito nenhum deixaremos o senhor para trás, você precisa conseguir, precisamos de sua experiência e conhecimento para sobreviver em outro país.
-Não se preocupem comigo, deixem-me por favor.
O filho não se deu por vencido, aproximou-se do pai e disse energicamente:
-Vamos pai, é a sua vez de carregar o bebê.
O avô levantou e olhou para todos, estavam também cansados. Olhou o bebê enrolado em um cobertor, sendo carregado por seu neto de treze anos. O menino era franzino e seu rosto demonstrava um cansaço sobre humano para conseguir carregar o bebê.
O avô buscou forças em seu íntimo e falou:
-Passem-me o bebê, é a minha vez de carregar.
Ajeitou a menina no seu colo, enrolou bem o cobertor para que ela permanecesse aquecida. Olhou para aquele rostinho cheio de vida e inocente e sentiu uma força renovadora tomando conta de seu corpo. Seu desejo mais profundo era ver sua família a salvo num lugar longe da guerra. E com um sorriso estampado em seu rosto falou:
-Já estou bem, só precisava descansar um pouco.
O grupo prosseguiu com o avô carregando a netinha. Horas depois conseguiram atravessar a montanha e chegaram em outro país. Onde refizeram suas vidas e viveram plenamente, o avô faleceu muitos anos depois e essa viagem era a história que ele mais contava.
Se alguém ao seu lado está prestes a desistir das lutas que lhe compete, ofereça-lhe um incentivo. Recorde a importância que ele tem para sua família e comunidade. Lembre-o que ele é muito importante no círculo familiar, na roda de amigos ou no trabalho voluntário, ele é alguém que faz a diferença.
Cada pessoa é única naquilo que faz e tem seu próprio valor, afinal somos seres únicos, com experiências variadas e formas de ver a vida. Uma tarefa pode ser desempenhada por qualquer pessoa, mas uma pessoa jamais poderá substituir outra.
Não permita que ninguém fique a margem ou se perca no caminho, somente porque não recebeu um incentivo, um estimulo, um motivo para conseguir realizar sua missão no planeta terra, todos merecemos a vitória final.
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