segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Na hora da dor é que se descobre quem realmente está ao seu lado

                     Quando nos deparamos com alguém sorrindo, costumamos sorrir junto, quando um amigo nos conta as dificuldades que está passando, tendemos a sofrer também, porque certas pessoas se incomodam com a alegria e atenção que determinada pessoa recebe?
                     Tenho observado que enquanto alguns se isolam, outros preferem cuidar da vida alheia ao invés de cuidar de seus problemas. Parece que a vida do outro é sempre melhor do que a nossa, essa é a grande ilusão que não queremos enxergar, afinal só vemos o que os outros nos deixam ver, é muito comum usarmos máscaras para esconder nossas decepções, fazemos questão de mostrar somente o lado bom das coisas.
                      Um tempo a trás, uma paciente que estava com câncer comenta com profunda tristeza que era muito solicitada por amigos quando os mesmos estavam com problemas, ela não costumava pedir por ajuda, afinal tinha uma ótima saúde, raramente adoecia. Mas quando veio o diagnóstico do câncer, para sua surpresa as pessoas que faziam questão de se dizerem amigos e que a procuravam por qualquer dorzinha de cabeça, desapareceram completamente. Que tipo de amigos são esses?
                      Seriam os supostos amigos de bebedeiras que costumamos dizer popularmente? Ou na verdade são os amigos de conveniência e de utilidade? Amigos de bebedeira, conveniência ou utilidade são aqueles que só se aproximam para ter alguma vantagem, ou seja, se estamos ajudando ou se existe algum ganho extra, eles são amigos, caso contrário desaparecem. Segundo o ditado popular conhecemos verdadeiramente o cônjuge no divórcio, os irmãos no inventário familiar e os amigos na hora da doença ou quando não dispomos de bens materiais. 
                       Quando tudo vai bem é comum estarmos cercados por pessoas, por sorrisos e festas, mas quando adoecemos e realmente precisamos de apoio, só ficarão por perto os que gostam verdadeiramente de você, aqueles que se importam com o seu bem estar. Chegar a essa conclusão é difícil, pode doer profundamente, mas também é libertador, pior seria permanecermos na ilusão.  A vida é curta e temporária, mas os verdadeiros amigos permanecerão em nossa companhia após a morte física.
                       Minha paciente descobriu no pior momento de sua vida que estava cercada por pessoas falsas que só gostavam de sua utilidade. Que se aproveitavam de sua bondade e só estavam próximos porque era conveniente. Esse tipo de amizade é muito mais comum do que supomos, eu diria até que boa parte das pessoas que nos cercam estão nessa classificação, como Paulo de Tarso nos disse várias vezes ''estamos cercados por uma multidão de expectadores'', que na maioria das vezes querem somente observar para aproveitar o melhor momento de tirar alguma vantagem.
                      Naquele momento começou o verdadeiro despertar emocional de minha paciente, aprendeu com muita dor em seu coração que precisa ser forte, que necessitava aprender a observar, olhar com os olhos do coração, afinal não se pode acreditar em sorrisos ou lagrimas, em abraços ou bajulações, a energia que está por trás de cada gesto não mente jamais. 
                     Atualmente ela está curada e feliz com os poucos e sinceros amigos que tem. Aprendeu que nem todos que se aproximam dela querem sua companhia, decidiu ajudar a todos da melhor maneira possível, mas sem criar vínculos, afinal essas pessoas não estão interessadas nela, mas sim em sua utilidade e benefícios. 
                      Desenvolva olhos de ver realmente o que acontece ao seu redor, ouça nas entrelinhas e com o coração, infelizmente quase nada é o parece ser. Valorize quem realmente permanece ao seu lado, quem se importa com sua saúde e bem estar, estes são os verdadeiros amigos, o restante é coleguismo.        

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