sábado, 16 de abril de 2022

Coisas que eu deveria ter feito antes de morrer

                        Falar da morte não é assunto fácil para a grande maioria das pessoas, ter um familiar com doença terminal ou passarmos por uma doença como o câncer com risco de vida, faz com reflitamos mais sobre o assunto, para mudarmos completamente nossa forma de vermos a vida. Viver bem é o grande desejo do ser humano.
                        Recentemente foi lançado nos EUA um livro que fala sobre os cinco maiores arrependimentos de quem está com uma doença terminal. A enfermeira Bronnie Ware trabalha com pacientes em estágio terminal e relata no livro sua experiência com essas pessoas e a tristeza que eles sentem por não terem vivido determinadas coisas.
                        O primeiro arrependimento da lista é: ''Eu gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim.'' A medida que a doença vai avançando, nos damos conta de nossas limitações e de que o tempo está cada vez mais curto. Esse sentimento provoca uma necessidade de revermos nossas ações, o medo de não conseguirmos fazer mais nada aumenta o desanimo.
                        Para a pessoa que passa por uma doença sem expectativa de cura é comum olhar para o passado e procurar onde foi que errou, é comum se arrepender de não ter viajado a determinado lugar, de não ter provado certa comida. Mas, o grande arrependimento é ter trabalhado demais, ter deixado para aproveitar a vida na aposentadoria, sem falar que ao envelhecermos é comum possuirmos mais doenças.
                         O segundo maior arrependimento: '' Eu gostaria de não ter trabalhado tanto''. Essa não é uma sensação que acomete somente aos doentes. É um dilema da vida moderna e cheia de correrias que a muito estamos vivendo. O pior arrependimento é quando trabalhou uma vida inteira naquilo que não gostava, mas a remuneração era boa. 
                         Quando ganhamos dinheiro fazendo o que não gostamos, somos infelizes em nosso dia a dia e perdemos algo que não tem como recuperar, o tempo. Segundo esses pacientes, eles criaram uma vida boa para seus familiares, mas nunca puderam aproveitar pelo fato de trabalhar demais, daí veio a doença para mostrar, que de certa forma, perderam seu tempo em algo que não sentiam prazer.
                          O terceiro grande arrependimento:'' Eu gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos.'' As pessoas quando estão próximas da morte, tendem a ser mais verdadeiras. É nesse momento que as máscaras do medo e vergonha caem e a vontade de agradar não é mais tão importante.
                           Quanto mais próximas da morte essas pessoas estiverem, mais carinhosas e doces tendem a ser. A doença elimina a sombra da defesa, da proteção de si mesmo e até de uma possível vontade de vingança. É comum as pessoas perceberem que esses sentimentos não tem nenhuma importância.
                           Somos seres emocionais, queremos ser lembrados por nossas boas ações e não pelo maus atos. É comum nas pessoas que estão próximas da morte pedir perdão, dizer que amam seus familiares e amigos, perdoam facilmente e querem sentir-se amadas. Quando percebemos que estamos ficando sem tempo, buscamos em nosso íntimo as melhores virtudes para deixar como nosso legado aos que amamos.
                          O quarto grande arrependimento: '' Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos.'' As vezes não possuímos tantas histórias felizes com nossa família, mas quase sempre existem alguns amigos que nos ajudaram e nos amam muito mais que os familiares. Segundo o ditado popular, os amigos são a família que escolhemos.
                           Não existe nada de errado em vivermos numa família que não é legal, afinal quase todo mundo tem algum problema na família. É comum possuímos arrependimentos e até culpa nessa relação familiar. Por isso quando se descobre que possui pouco tempo de vida, queremos por perto pessoas significativas  e especiais, que valorizem nossa companhia.
                            Certas doenças causam uma grande mudança corporal, as vezes ocorre um emagrecimento exagerado, queda de cabelo e fragilidade muscular e emocional. É comum muitos doentes não quererem receber visitas para não demonstrar fraquezas ou fragilidades, nessas horas é que os verdadeiros amigos entram, pois não se importam com a aparência, mas sim em estar próximo e dar apoio ao amigo doente.
                           O quinto dos grandes arrependimentos: '' Eu gostaria de ter me deixado ser feliz''. Esse arrependimento está associado as nossas escolhas, quase sempre deixamos de lado nossas vontades para priorizar as vontades de quem amamos. 
                            Pode parecer egoísmo pensarmos em nós mesmos, mas não é bem assim. É importante sentir-se bem, tem um compromisso com nossas realizações pessoais, com o que podemos ser. Precisamos descobrir do que somos capazes, o nosso papel no mundo e nas relações com outras pessoas. Uma pessoa realizada é feliz com ela mesma e com quem está por perto.
                           Minha experiência como terapeuta, tem me mostrado que muitas pessoas não estão esperando uma doença ou a proximidade da morte para fazerem certas mudanças em suas vidas. Estamos vivendo uma pandemia mundial e essa possibilidade de adoecer e morrer num breve período de tempo fez com que as pessoas se deparem com esse medo e insegurança de nunca terem feito nada de prazeroso em suas vidas.
                          Atualmente é comum percebermos que muitos estão vivendo intensamente o hoje, sem se preocupar com o amanhã, afinal não saberemos se teremos um amanhã para viver com saúde. Percebi que durante a pandemia, certos casais que viviam uma vida a dois sem muitas expectativas, partiram para a separação, assim como namorados que adiavam o casamento por algum motivo, resolveram morar juntos. 
                         Se formos avaliar essas pequenas, mas grades mudanças, no futuro teremos pessoas que não estarão arrependidas da vida que levaram, das decisões que tomaram, das viagens que fizeram e dos amores que viveram. A vida é nosso bem mais precioso e deve ser vivida intensamente para sermos felizes, se for para se arrepender, que seja por errar na tentativa de acertar. 

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