segunda-feira, 11 de abril de 2022

Traição, a pior das dores

               É pouco provável que alguém passe pelas provações da vida física sem nunca ter sido traído. Nem vou entrar no âmbito amoroso, afinal, muito além das relações conjugais, a traição ainda é algo comum e faz parte de nossa vida. Somos criaturas absolutamente imaturas do ponto de vista emocional e espiritual.
               Na vida estamos sujeitos a todo tipo de traição, que geralmente parte das pessoas que estão mais próximas, que confiamos profundamente, sejam elas parentes, amigos, companheiros de trabalho, confrades religiosos, entre outros. É exatamente pelo fato de serem pessoas próximas e que amamos que dói muito mais, se fossem estranhos, nada sentiríamos.
               Ser traído por alguém que não faz parte de sua vida íntima, até certo ponto é compreensível, já que qualquer pessoa possui valores e interesses distintos, sem falar que nem todos que circulam ao nosso redor possuem a bússola moral para guiar suas ações. Nem todos conseguem pautar sua integridade de caráter em suas manifestações e na vida diária.
               Infelizmente a grande maioria das pessoas que está habitando o planeta neste momento, possuem transparência de caráter e atitudes, isso sem falar que ainda estamos aprendendo a controlar as emoções e os sentimentos. Falando francamente, podemos esperar qualquer coisa das pessoas mais distantes emocionalmente, inclusive a falta de sensibilidade e más intenções, mas quando isso vem de alguém próximo, de que amamos, a traição é uma das piores dores que sentimos e é difícil de perdoar.
               É comum confiarmos nas pessoas que amamos, podemos esperar tudo de bom delas, inclusive tendemos a criar expectativas referente ao presente e futuro, mas nunca esperamos que essas pessoas nos traiam ou nos prejudiquem por coisas simples. Infelizmente, quase sempre as pessoas que mais depositamos confiança, são as que nos decepcionam profundamente. Essa é a grande prova de que a humanidade está muito atrasada em termos emocionais.
               O espírito Emmanuel nos trás na obra Vinha de luz: ''nas linhas do trabalho cristão, não é demais aguardar grandes lutas e grandes provas, considerando-se porém, que as maiores angústias não procedem dos círculos adversos, mas justamente da esfera mais íntima, quando a inquietação e a revolta, a leviandade e a imprevidência penetram o coração daqueles que mais amamos. O infrator mais terrível, é sempre o amigo transviado, o companheiro leviano e o irmão indiferente.''
               Nessa pequena frase fica claro que faz parte do aprendizado humano passar por traições, é comum o traidor compartilhar de nossa intimidade, de nossos sonhos e esperanças, e é exatamente por isso que a dor é muito maior. Muito provável dedicarmos a essa pessoa nossos melhores sentimentos e expressões afetivas, sem nunca imaginar que existe uma conspiração contra nós.
              Em relação a esse sofrimento, o espírito Joanna de Ângelis expande o raciocínio incorporando-o ao pantanoso terreno da ingratidão. Em sua visão abençoada por imensa sabedoria nos diz: ''o ingrato é, também, em consequência, um traidor da confiança e do respeito que lhe tem sido oferecidos. O ingrato é uma pessoa realmente infeliz, porque nem sequer possui sensibilidade para amar realmente alguém.'' O que na minha opinião, não justifica sua atitude.
              Em termos psicológicos, um indivíduo nessa precária situação, certamente não consegue entender o valor da reciprocidade e do bem querer espontâneo, também não consegue ser justo e muito menos reconhecido a quem lhe ajuda. Seguindo o raciocínio de Joanna de Ângelis, cabe acrescentar que o ingrato, por não possuir sensibilidade não consegue aplicar a regra de não fazer ao outro o que não deseja para si próprio.
              Joanna continua: ''o espírito situado nesse baixo patamar evolutivo, vive ainda sobre o forte domínio do atraso ético-moral, e por isso, não consegue internalizar as saudáveis diretrizes de convivência pacífica e muito menos do amor-doação.''
              Por outro lado é importante salientar que adquirir sensibilidade, representa uma das mais expressivas conquistas dos seres humanos. Pois, indivíduos sensíveis tem a capacidade de enxergar o outro em suas reais dimensões, isto é, o que realmente pensam, o que sentem, seus receios, limites e fraquezas. Esse sentimento é a empatia, tão falada na atualidade.
              A natureza nos mostra que certas espécies de animais são dotados dessa qualidade, enquanto que certos seres humanos não possuem e ainda tendem a desprezar que as tem. Em resumo, o indivíduo sensível tende a externar alteridade em alto grau, já que cooperar para o bem estar do outro constitui um propósito de vida.
             Algo muito importante que Joanna enfatiza: ''não se deixe afetar pela crueldade dos ingratos, e prossiga gentil, pois é sempre melhor para aquele que oferece o bem e é bondoso.'' Que possamos seguir a máxima de Jesus ''perdoar sempre'', afinal hoje estamos no papel da pessoa traída, quem garante que ontem não fomos os traidores.
             Que a cada dia possamos adentrar ao caminho da auto iluminação, do amor próprio e da paz interior, ao ponto de não nos afetarmos pelas traições cotidianas, pelo mal que ainda habita em determinadas pessoas. Tudo é passageiro, isso também passará.
                

     

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