quinta-feira, 18 de junho de 2020

Por favor apaguem as luzes, eu preciso ver

           Apagar a luz para que se possa ver é de certa forma intrigante, afinal acreditamos que a luz nos faz ver melhor, mas será realmente que as luzes nos ajudam na visão nítida dos acontecimentos?
           A verdadeira beleza da consciência não costuma se mostrar ante o clarão das luzes que brotam do calor dos acontecimentos e das nossas emoções. Assim como os nossos olhos precisam de proteção para conseguir olhar fixamente para o sol escaldante, nossa razão interior pede a proteção do tempo para conseguir contemplar e entender com serenidade todo o esplendor da verdade que se mostra a nossa frente.
           As vezes é preciso certo distanciamento dos fatos, das experiências vividas para finalmente podermos contemplar a beleza da verdade. O tempo é o único colírio capaz de limpar os olhos da nossa razão, com os quais realmente enxergamos. A verdadeira visão é a espiritual.
           É preciso nos despirmos das ilusões, elas são miragens que nos confundem como se fossemos pessoas perdidas em meio ao deserto de areia e calor. Por vezes nos parece fácil acreditar numa miragem ou sonho, queremos o melhor e o belo em nossa vida, o sofrimento não é algo prazeroso, mas muitas vezes necessário para nosso aprendizado.
            Passamos por um momento de mudanças internas e transição de conceitos, faz parte de nossa evolução jogarmos fora tudo o que nos aprisiona, as ilusões, as crenças, os falsos valores, a mania de julgar os outros, o medo e a angustia que tenta nos dominar.
            Existe um perigo que nos assombra diariamente, um deslumbre que cega nossa mente e ilude nossa capacidade de julgar, a vaidade tola que exige que o ego seja valorizado por caminhos que nos levam a perdição por ganância, luxuria e insensatez. A paixão pelo poder, pelo sexo ou como forma de submeter o próximo aos nosso caprichos.
            Nossos olhos muitas vezes usam as lentes do narcisismo, distorcendo nossa real imagem e os julgamentos que fazemos de nossos atos, sentimentos e emoções. Somente o tempo irá permitir fazermos bom uso de nossa visão espiritual, cultivando o saber e examinando a vida em profundidade para percebermos as coisas, as pessoas e as situações como elas realmente são.
            Nós, seres humanos, assim como as plantas e os animais temos um ciclo que se incia ao nascimento, prossegue com o florescer da maturidade e termina com a morte,  quando o corpo padece o espírito desperta no plano espiritual para uma nova caminhada.
            Tudo é passageiro, a única coisa eterna é nossa consciência, que adquire conhecimento vida após vida rumo a angelitude. Nesse mundo físico ao qual vivemos, quem mais olha é quem menos vê.
            Apague as luzes, dilate as pupilas da alma e veja a infinidade de mundos que circula ao nosso redor, cada mundo é uma nova forma de aprendizado e vivência. Aprenda a olhar com o coração e veja o que inunda seu ser.

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