terça-feira, 31 de agosto de 2021

Viemos destinados a determinada profissão ou tudo acontece ao acaso?

                 Que erga o dedo quem nunca parou pra pensar se está na profissão certa, se foi induzido por alguém ou se suas escolhas determinaram o rumo dos acontecimentos. Num determinado momento de nossa trajetória terrena, percebemos que estamos fazendo a mesma coisa a anos, ganho meu salário, mas no fundo não sei dizer se gosto ou não. Será que estou acostumado ou essa profissão me traz realização? 
                 Trabalhar é preciso, mas fazer as coisas de que se gosta tem muito mais valor e prazer. Todos temos responsabilidades financeiras, a sociedade exige de nós comprometimento com a família, mesmo quem vive sozinho precisa de dinheiro para suas despesas. Segundo o ditado popular ''o trabalho dignifica o homem'', eu digo mais, que o trabalho dignifica e ajuda no crescimento da alma.
                 Há os que desde tenra idade já sabem o que querem fazer, uns chamam de dom, outros de vocação, mas a grande maioria de nós, muitas vezes é levada para determinada profissão por causa dos ganhos e benefícios. Na questão 928 dos livro dos espíritos, sobre a felicidade e infelicidade relacionada a nossa vocação, os espíritos nos respondem: ''Por meio da especialidade das aptidões naturais, Deus nos indica uma vocação nesse mundo''.
                 Já nascemos mais ou menos determinados a certas vocações, afinal a vida é feita de escolhas e nem todos tem a certeza ou determinação já gravada em sua mente. Observo adolescentes envoltos a tantos medos e receios na hora da escolha da profissão. É comum os pais quererem influenciar os filhos a seguirem profissões que rendem muito valor financeiro e de status, muitas vezes não é questionado se queremos ou não determinado trabalho e isso acaba gerando infelicidade, magoa e tristeza.
                 A doutrina espírita nos diz que existe um planejamento meticuloso antes de cada encarnação. É pesquisado as experiências, atividades, gostos e propensões de cada um de nós para determinar o melhor caminho a ser seguido na próxima etapa de aprendizados. Será que essa pesquisa toda é atoa? Quando agimos contra nossa vontade e desejos, estamos de certa forma indo contra a nossa verdadeira essência?
                Eu sou a prova viva disso, venho de uma família de imigrantes que fugiram da Europa por causa da guerra, vieram para o Brasil a procura de segurança e riqueza. Os imigrantes tem um desejo enorme por mudanças, se submetem a qualquer sacrifico para ter o retorno almejado, trabalham muito e incessantemente em prol de suas famílias. Nós os descentes, já nascemos com o intuito de correr atrás do que queremos, em nosso DNA já vem gravado a necessidade de fazer de tudo para sobreviver. Isso tem o lado bom e o negativo, afinal sobreviver não é tudo, precisamos estar realizados com o que fazemos.
                Desde muito cedo fui incentivada a buscar o que quero, mas nunca tive aquela vocação certa, fiz muitas coisas, estudei de tudo um pouco e ainda continuo estudando, sempre gostei de cuidar dos outros, optei por trabalhar como enfermeira, mas após alguns anos percebi que aquilo já não me dava prazer, eu queria mais. Voltei pra faculdade e busquei por novas profissões. Sempre fui muito boa em ouvir e dar conselhos, sou procurada por amigos, conhecidos e até estranhos para ajudar em seus problemas. Decidi investir nesse meu potencial e viver disso, essa foi minha melhor escolha.
                Hoje posso dizer que estou em meu melhor momento, trabalho com o que gosto, ser terapeuta é muito mais do que ter muitos cursos e conhecimentos, é desenvolver olhos de ver, é ouvir com cada célula do corpo, é ter empatia e usar a razão como forma de ajuda. É priorizar o ser humano e não o dinheiro que ele pode gerar. A sociedade atual foca somente no financeiro, esquece que ao deixarmos esse corpo, tudo o que for material fica com ele, somente os conhecimentos partirão junto com a alma.
                 Desenvolva primeiro seu auto conhecimento, preste atenção nas suas aptidões, nos seus gostos e observe o que lhe dá prazer, faça experiências, não siga cegamente o mesmo destino dos que te cercam. A vida é muito curta para você ficar infeliz em uma determinada profissão, reinvente-se toda vez que for necessário, você é movido a alegrias, busque-as incessantemente.
                  

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