segunda-feira, 10 de abril de 2023

A ingratidão é uma traição contra você mesmo

               Dizem que quem ajuda deve ter memória curta, mas quem recebe deve ter memória longa. Qual é a moral deste pensamento? O que muda em nós quando ajudamos? O que muda na vida da pessoa que recebe ajuda? 
                 Em suas andanças, certo dia Jesus entrou em uma vila de leprosos. Naquela época quem tivesse contraído lepra, era obrigado a se afastar da família e se isolar em um vilarejo junto com outros doentes. Os leprosos ao verem Jesus correram ao seu encontro implorando pela cura. O Mestre curou os 10 leprosos que se aproximaram e pediu que fossem mostrar ao mundo a sua cura. Todos saíram gritando e festejando a cura, mas um deles era samaritano. Este se jogou aos pés de Jesus e agradeceu profundamente. Aí Jesus pergunta:
              -Não eram 10 os curados? Onde estão os outros nove que não vieram agradecer? Levanta-te e segue teu caminho, pois tua fé te curou.
               Nessa mensagem bíblica fica evidente o quanto é importante a gratidão, o reconhecimento dos esforços de uma outra pessoa em relação a nós é uma atitude espiritualizada, pois infelizmente muitas vezes as pessoas não retornam à alguém que as tenha ajudado, nem em atos, nem em oração, ou alguma compensação material, nem mesmo em palavras ou atitudes afetuosas. Isso chama-se ingratidão.
               Observe que o ato de ajudar, dar e facilitar a vida das outras pessoas, são verbos que combinam com gratidão. Não há dúvida de que ajudar é um ato que nos faz bem por si só, mas também não há dúvida de que receber agradecimento pelos nossos esforços, atenção ou tempo dispensado, é também reconfortante e fortalece laços.
                No entanto, algumas pessoas não pensam dessa forma, de certo modo essas pessoas podem ser consideradas ingratas, por que não reconhecem e nem valorizam os esforços dos outros por elas. Essas pessoas até apreciam a ajuda recebida, pois adoram receber, mas não reconhecem o esforço, acreditam que seja obrigação do outro em ajudar.
                A gratidão não é apenas uma emoção, ela também tem um componente cognitivo. Para nos sentirmos gratos, devemos primeiro sermos capazes de apreciar o gesto que outros tiveram em relação a nós. Sem entender este gesto em relação ao esforço e tempo do outro que nos foi dispensado, não seremos realmente gratos. As pessoas ingratas não entendem este desprendimento que algumas pessoas possuem em deixar de lado seu lazer para ajudar os outros sem receber nada em troca.
                 Podemos fazer uma comparação, as pessoas que dedicam um tempo de sua vida em ser voluntário e ajudar desconhecidos já possuem em si a gratidão. Ser voluntário é um ato de amor com o próximo, independente de quem seja este próximo. É despojar-se de suas dores para ouvir outros que sofrem, é valorizar a vida de uma forma pura e simples.
                 Na contramão dessas pessoas que possuem gratidão, estão os que permanecem ligados a ingratidão, eles adentram a uma infelicidade crônica. A infelicidade é uma doença contagiosa causada por uma deficiência crônica de gratidão. Segundo a ciência a capacidade de sentir gratidão está associada a altos níveis de felicidade, bem estar e satisfação na vida.
                 Não existe ferramenta melhor do que a gratidão para eliminar as adversidades e traumas psicológicos em nossa vida. Vários estudos nos mostram que podemos ser gratos em diferentes condições, mesmos nos momentos mais difíceis. Na verdade as pessoas que conseguem superar mais rápido um trauma, são aquelas que aprenderam a se concentrar nas coisas positivas, nos momentos felizes, sentindo-se gratas pelo tempo que passaram com seus entes queridos, em vez de se concentrar no que perderam ou no que não tem.
                A longo prazo a ingratidão gera um estado psicológico doentio, caracterizado por um ciclo de expectativas irrealistas e frustrações, em que a pessoa é incapaz de apreciar em medida justa e positiva sobre o que lhe aconteceu. Estudos revelam que as pessoas ingratas tem um risco maior de sofrerem transtornos mentais, como a depressão, vários níveis de ansiedade, fobias, bulimia nervosa, sem falar na propensão em ter dependência a nicotina, álcool e drogas.
                Um dos maiores perigos que as pessoas ingratas enfrentam é que suas vidas parecem uma profecia irrealizável, pois no exato momento que deixarem de receber ajuda por causa de seu comportamento, terão a sensação de que nada mais dará certo, pensarão que o mundo é um lugar hostil, onde não há bondade. Não conseguem perceber que eles mesmos causaram este afastamento por causa de suas atitudes.
                O ingrato é um rebelde, acredita que o mundo gira ao seu redor. Na sua percepção tudo deveria acontecer da forma que ele idealizou, pois se não acontece é porque os outros estão errados ou fizeram algo que não deveriam fazer. O ingrato é quem mais sofre com esse sentimento de vitimismo. Por isso é tão importante desenvolvermos a gratidão.
                

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