Ser ou não ser, eis a questão

                 Com o passar dos anos vamos adquirindo uma certa maturidade e percebendo coisas que não víamos quando mais jovens, as vezes percebo as pessoas tentando ser o que na realidade não são. Muitos acabam criando uma máscara para enfrentar o mundo e outros possuem essa máscara para enganar.

                Somos seres únicos e inigualáveis, não existe dois de nós que sejam iguais, mesmo sendo gêmeos idênticos fisicamente, terão personalidades diferenciadas. Ser é muito diferente do que parecer ser. Quando crianças apenas somos, sem nos importarmos com nada ao nosso redor.

                Crianças são espontâneas, curiosas, exploradoras, sinceras e muito sonhadoras, Ao adentrar a adolescência nos tornamos jovens e como tal ainda queremos ser o mais natural possível, pois de certa forma ainda não fomos influenciados pela sociedade. Somos jovens transgressores do cotidiano, questionadores, mutantes e imbatíveis.

                 Mas daí crescemos, adentramos a maturidade e por vezes deixamos nossa essência de lado. O ser do adulto na maioria das vezes precisa se adaptar ao meio, ao trabalho, as responsabilidades. O mundo ao nosso redor exige pouco a pouco que nossa autenticidade e nosso ser original seja pressionado.

                Somos testados diuturnamente pela sociedade, pelas escolas e pelas organizações, tirando gradativamente nossa espontaneidade e nos jogando muitas vezes num buraco ao qual é difícil sair. Geralmente nessa fase de nossa vida, ser apenas quem somos parece não bastar. Precisamos também parecer outra pessoa.

                Infelizmente precisamos nos adequar as pessoas e ocasiões, parecer inteligentes  em eventos chatos, é necessário que nos vejam como pessoas interessadas em eventos desinteressantes, precisamos parecer encantados mesmo com o desencanto. Precisamos criar uma carapaça ao nosso redor para não desanimar com tantas coisas sem sentido.

                Parece que ser diferente torna-se obrigação em nossa vida adulta e acontece sempre em ambientes onde nossa imagem refletida está em avaliação e julgamento. Você se sente julgado e pressionado o tempo todo?

               Em tempos digitais como o atual, parecer ser alguém diferente se torna uma necessidade recorrente. Afinal precisamos parecer ter tudo, sermos felizes o tempo todo, sermos menos tristes, desencantados ou entediados, o mundo não aceita muito bem pessoas sinceras, principalmente as que sofrem ou chorem quando necessário.

              Deixamos de ser nós mesmos, deixamos nossa essência de lado, isso parece tão estúpido, mas é a realidade nua e crua. Criamos uma máscara ou um alter ego para nos misturamos em sociedade.

              Tenho observado tanto no online como off-line que as pessoas querem parecer o que não são. Desejam mostrar para o mundo que parecem felizes, descolados, realizados e competentes, mas no fundo estão totalmente diferentes. No mundo do trabalho é um desfile de superioridade.

              O palestrante de negócios nunca abriu ou resolveu algum negócio. O coach que virou coach depois de um curso rápido. O influenciador que virou guru após passar uns dia na Índia. o CEO, CFO, CIO, CMO de alguma coisa, sem nunca ter liderado uma equipe se quer. Aquele que fala em legado e propósito, sem ao menos ter deixado os seus.

              Somos realmente o que sentimos e o que pensamos, na verdade somos o que somos. E quando isso é deixado de lado, nos auto sabotamos e sabotamos quem está próximo também.

              Viver a vida sendo quem não somos, é um desperdício. Em meio a um mundo de tantas perfeições filtradas e maquiadas, no fundo gostamos de quem é de verdade, daquela pessoa que vive sem chamar atenção, sendo ela mesma, honesta com seus sentimentos e ações. 

             A perfeição é fugaz, a vida passa muito rápido para perdermos tempo com perfeccionismo. O imperfeito é mais autêntico, não precisa fingir o que não é. Ele é o que é, sem esperar nada em troca. Que possamos ser imperfeitos, felizes e curtir a vida em todos os seus momentos.