quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Desabafo de alguém que ainda não nasceu

            Hoje quero compartilhar uma experiência que vivi recentemente. Falar sobre gravidez é algo maravilhoso, afinal nós mulheres temos o privilégio de carregar e contribuir com a formação de outro ser. Mas nem tudo é belo, há casos em que, por algum motivo a gestação é interrompida abruptamente, ocorreu isso com alguém próximo a mim, como tenho certa facilidade de entrar em contato com a espiritualidade, resolvi por contra própria falar com esse espírito, afinal já era a segunda gravidez interrompida.
           Para minha surpresa, o espírito estava lúcido e sabia os motivos pelo qual sua futura mãe precisou passar por esse sofrimento. Conversamos muito, pedi sua permissão para transcrever esse bate papo, pois acredito que poderá ajudar muitas famílias que passam por essa situação triste.
           -O que você sentiu com o interrupção da gravidez?
           -Eu fiquei mal, afinal estou tentando nascer naquela família já faz um tempo, da outra vez nós, eu e minha futura mãe não estávamos preparados, foi tudo muito rápido, um misto de emoção, medo e amor, tudo isso unido a um novo recomeço. Ela criou muita expectativa e eu não sei lidar com tanta pressão. Atualmente estamos tentando melhorar, mas ainda sofro com as expectativas dela e da família. Venho de vidas onde não fui grande coisa e não consegui acrescentar nada de bom, agora quero mudar e creio que ela pensa igual.
            -Que história interessante, pela forma como você fala, parece que não é a primeira vez que vocês irão reencarnar juntos, estou certa ou entendi errado?
             -Sua percepção é boa, realmente já nos conhecemos, numa outra vida não fui um bom filho, agora quero fazer diferente, mas ainda me incomoda essa forma atual de vida que os humanos levam. É muita exposição, contam tudo para todo mundo. Por mim só divulgariam a gravidez quando eu nascesse, creio que para minha mãe isso também seria bom, ela costuma absorver todo tipo de energia, faz mal para nós dois.
             -Realmente, as pessoas que mais sofrem são sempre as que tem certa sensibilidade, o que poderia ser feito para que na próxima tentativa tudo dê certo e vocês possam recomeçar essa nova experiência juntos e unidos pelos laços maternais?
             -Se eu pudesse falar com ela, diria para tirar de sua mente a culpa, ela não é a culpada, nem seu corpo, sou eu que ainda não consigo ficar alheio a tudo o que circula ao nosso redor. Preciso de sossego para conseguir me fixar em seu útero, preciso de segurança e amor deles que serão meus pais, não quero uma multidão passando a mão na barriga e falando falsidades. Eu sinto medo do futuro, de não corresponder as expectativas, de errar, de magoa-los, de ser um peso para esse casal que já me ama muito.
            Nesse momento de nossa conversa, ele chora muito, percebo que dói o fato de não conseguir nascer. Passados alguns minutos, ele se acalma e continuamos.
            -Você está fazendo terapia para ficar mais calmo e sereno?
            -Estou sim, espero que meus pais também. A cada tentava sinto-me fraco, desmotivado e sem forças para me aproximar deles, afinal boa parte do problema é minha falta de adaptação. Me disseram que agora estou mais fortalecido, acredito que conseguirei reencarnar, me disseram que daqui a um tempo recomeço minha aproximação dessas almas maravilhosas que me aceitarão como filho, quero estar junto deles e ajudar desde a fecundação e me manter acoplado ao corpo em formação. Quero sentir o amor deles crescendo junto com meu corpinho. Pai e mãe eu estou chegando.
            Ele fica muito emocionado. Me despeço e o deixo na companhia de enfermeiros que estão cuidando dele. Fui ver a programação e logo ele será trazido para perto do casal, afinal é preciso uma interação energética para posteriormente ocorrer a concepção. O universo conspira sempre para o nosso bem e espero daqui alguns meses poder ver esse espírito renascer forte e saudável. 

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