sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Mudando de dimensão

             Estamos no ano de 2020, onde uma pandemia tomou conta do planeta, um vírus está levando muitas pessoas a morte física, mesmo para os que acreditam na vida espiritual, perder um ente querido é um sofrimento sem fim. Como se já não bastasse a separação, a dor, ainda tem o detalhe que não se pode velar de forma apropriada quem amamos. O que acontece com esse espírito? Para onde ele vai?  
             Cada vida é uma centelha divina que nasce e morre em determinado lugar e momento, nem todos têm discernimento e lucidez espiritual para entender o que está acontecendo, vou compartilhar com vocês uma história que se desenrolou com alguém próximo. Marcela tinha 15 anos quando descobriu uns nódulos em seu pescoço. 
              No auge de sua vida de adolescente, ela precisou lidar com uma doença traiçoeira, com seu medo da morte e com o sofrimento de seus familiares; isso sem falar nas intermináveis consultas médicas, exames, quimioterapia e radioterapia. Seu cabelo que era lindo, caiu logo nas primeiras sessões de quimioterapia, sua pele ficou seca e frágil. Em sua mente circulavam pensamentos, que se uniam a energia de medo e preocupação com o futuro. Após meses de tratamento veio a informação que ela havia vencido o câncer, seu coração pulava desenfreado em seu peito, será que o sofrimento acabou?
              Passados três meses de alegria e refazimento, quando submeteu-se a uma nova bateria de exames, descobriu que o câncer havia retornado de forma muito mais violenta e não tinha mais o que fazer. Nesse momento Marcela estava com 16 anos, dali alguns meses faria 17, tinha uma longa vida pela frente, mas por motivos que nós não sabemos, foi-lhe tirado o direito de permanecer em meio a sua família e amigos. Ela como sempre estava calma, uma serenidade que a própria família não entendia. 
              Marcela uma menina linda que todos acreditavam ser frágil, decidiu sobre seu funeral, determinou que queria ser cremada e suas cinzas jogadas em determinado local. Todos acreditavam que ainda teriam tempo de se despedir, mas poucos dias após essa notícia bombástica, ela adoeceu e veio a falecer. Como acreditar em Deus? Porque ela precisou ir tão cedo?
               Nossa visão é pequena e material, pensamos somente em nosso sofrimento e na saudade do convívio.  Para Marcela a saída do corpo físico foi tranquila, ela estava passando mal e de repente sentiu-se bem, resolveu levantar da cama e para sua surpresa viu que seu corpo permaneceu na cama cheio de aparelhos, conseguia ouvir todos eles apitando de forma ensurdecedora. Sentiu-se leve, sem dor ou mal estar, pensa em sua família e é transportada automaticamente para sua casa, os vê chorando, tenta se aproximar e não consegue.
               Olha para os lados e vê muitas pessoas, algumas ela conhece, outras não. Nisso um senhor se aproxima e diz que ela precisa ir com eles, afinal ainda está fraca, seu lugar agora é em outra dimensão. Na sua mente os pensamentos estão embaralhados, de certa forma sabe que morreu, mas se sente viva. Será que isso tudo é um sonho?
                Alguns mortos tem permissão de ir em seus velórios, mas Marcela resolve que não quer, prefere descansar, dê preferência um sono reparador, sente a dor das pessoas que ama e isso causa uma fraqueza enorme em seu corpo e mente. É levada para descansar, mas a espiritualidade não abandona ninguém, ela vai acompanhada por uma equipe, enquanto que outros ficam para ajudar seus familiares.
                O velório transcorre conforme o esperado, todos choram e sofrem com essa perda. Minha percepção espiritual do ambiente é de paz, seu corpo repousava naquele caixão, parecia uma boneca de cera, igual os que vemos no museu. Tinham tantos espíritos amparando a família que não consegui contar, e ela em outra dimensão dormia profundamente. O que é um corpo e uma vida curta para um espírito imortal?
                Somos tão grandes espiritualmente que nossa passagem é meteórica pelo planeta terra. Somos espíritos vivendo temporariamente num corpo físico, mas nossa verdadeira vida é a espiritual. Atualmente Marcela está começando seu despertar em outra dimensão, sente saudades de seus amigos e familiares, está bem na medida do possível, afinal não é fácil descobrir que enquanto estava encarnada esqueceu de muitas coisas, agora é o momento de lembrar, de estudar e se adaptar a sua nova vida. Sempre que pode dá uma espiada nos que deixou, no pouco tempo que tem acordada, quer aprender o máximo possível para poder receber sua família quando for o tempo deles. Ela me disse que fará uma festa para receber todos que ama. A morte não é o fim, somente um recomeço.
     

2 comentários:

  1. Belíssima explanação!
    Mergulhei na história. Ensina de forma leve e de fácil entendimento.
    Beijos da Jana

    ResponderExcluir
  2. Lindeza essa história retratada com tanto cuidado por você.

    ResponderExcluir