Todos conheciam Zélia, afinal ela estava sempre sentada em um canto de uma mercearia a pedir por esmolas, com sol ou chuva, frio ou calor, essa senhora estava sempre a queixar-se e a pedir por um prato de comida.
Ela não era tão doente que não conseguisse trabalhar, poderia produzir algo de útil, mas não se animava a enfrentar qualquer disciplina de trabalho, faltava-lhe boa vontade, era mais fácil pedir esmolas e reclamar da má sorte.
-Uma esmola pelo amor de Deus!
Clamava o dia inteiro, dirigindo-se aos transeuntes, sentada naquele canto sujo. Não tinha vergonha de pedir, inclusive lembrava os nomes de todos que a ajudavam, mas trabalhar era impossível para ela.
-Zélia você poderia trabalhar lá em casa, tenho um pedaço de terra e o que você colher será seu, poderia viver tranquilamente dessa forma.
-Não posso, não tenho forças para trabalhar na terra.
-Zélia você poderia lavar e passar as roupas da minha família e ganhar algum dinheiro.
-Nem pensar, sei que não aguento esse esforço.
-Zélia você poderia vender flores, isso não é pesado e não carece de nenhum esforço físico.
-Não posso andar o dia inteiro, minhas pernas não aguentam.
A cada pergunta sobre trabalho e uma forma digna dela ganhar o seu sustento, Zélia tinha sempre a resposta perfeita. Ela se colocava na situação de indigente e doente.
-Zélia posso te ensinar a costurar e bordar, tenho certeza que ganhará um bom dinheiro com isso.
-Não tenho os dedos seguros e minhas vistas já não me ajudam, esse trabalho é impossível para mim.
Zélia vivia prostrada, sem animo, sem alegria. Afirmava sentir dores por toda parte do corpo, reclamava da tosse constante, de tontura e do resfriado, sempre com longas palavras de queixas, que as grande maioria das pessoas não tinham paciência para ficar ouvindo-a. Clamava que não bebia café por falta de açúcar, que não almoçava por não dispor de alimentação adequada.
Tanto pediu, reclamou e chorou que certa manhã foi encontrada morta, e a caridade pública enterrou-lhe o corpo como indigente. Ao despertar no pós vida, abre os olhos e se vê num lugar sujo e escuro e logo começa a implorar por ajuda.
Ela observa o local ao seu redor e não vê ninguém, pede por Deus, afinal estava acostumada a usar o seu nome todos os dias. Após um longo período de reclamações e suplicas, um homem envolvido em luz surge a sua frente:
-O que deseja Zélia?
Ela toda vaidosa responde:
-Sou conhecida na casa celestial, afinal fui uma grande sofredora, é normal que saibam meu nome.
-Há muito tempo te conhecemos.
-Tenho sofrido muito, quero o amparo do alto.
-Ouça com atenção Zélia. O amparo é somente para os que trabalham. Quem não planta, não tem nada para colher. Você não cavou a terra, não plantou e nem colheu o seu sustento, não ajudou os animais, não teceu fios, não costurou nenhuma roupa rasgada, não amparou crianças, não fez pão, não varreu a casa, não cuidou de flores, nem mesmo cuidou da saúde ou de seu corpo. Como pretende receber as bênçãos de cima?
-Eu não podia fazer nada, eu era mendiga.
O bondoso senhor replicou:
-Não Zélia, você não era mendiga. Você foi simplesmente preguiçosa. Quando aprender a trabalhar, chame por nós e receberá socorre celeste.
De repente tudo escure-se, a luz que o bondoso senhor trouxe desapareceu, e em meio a escuridão, Zélia reencarna, voltando ao plano físico para recomeçar uma nova vida afim de renovar suas crenças e suas ideias referentes ao nascer e morrer, uma nova oportunidade de aprendizado foi-lhe dado, resta saber se ela irá aproveitar e transformar essa vida.
Somos todo pedintes de conhecimento, a cada nova encarnação podemos ampliar nossos sentimentos, aprender uma nova profissão, perdoar os nossos erros e recomeçar uma vida digna e repleta de aprendizados. Comece hoje mesmo sua mudança interna, valorize a vida que você possui e busque sua felicidade.
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