quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Somos responsáveis pelo que cativamos

   
         Nos dias atuais está muito difícil sentar e conversar com os amigos, encontrar alguém que nos ouça é quase uma raridade; imagine para esses espíritos que vagueiam por aí sem saber onde estão, ou que estão mortos.....
          A maioria das casas espiritas não tem preparo e nem pessoas disponíveis para dialogo com esses espíritos. Eu por diversas vezes tentei criar um grupo para este fim, mas infelizmente é difícil encontrar pessoas que queiram se dedicar uma hora de sua semana para orar e dialogar com espíritos rebeldes e desorientados.        
         Mas não me dei por vencida, conversei com os espíritos amigos, e quinzenalmente nos reunimos no plano espiritual, criamos um grupo de mais de cem ajudantes entre encarnados e desencarnados, os guardiões e os índios são encarregados de trazer esses irmãos até nós, para que sejam atendidos, ouvidos, e encaminhados se quiserem ou até mesmo regressarem para cá se assim o desejarem.
         Eu tive várias surpresas nessa empreitada, mas a que mais me marcou foi de Carlos Alberto, eu o conheci "vivo" no tempo em que participava de um grupo de voluntários que levava sopa para moradores de rua. Ele já era bem idoso, lembro que tentamos encaminha-lo para um albergue, mas não quis, disse que merecia viver na rua, depois de algum tempo os outros moradores nos disseram que ele havia morrido de frio, oramos, era o que podíamos fazer...
         Imaginem a minha surpresa quando o vejo na fila para atendimento, fui ao seu encontro, ele estava um pouco transtornado, mas me reconheceu, ele acreditava estar vivo. Tentei falar:
         -Olá Carlos Alberto, tudo bem?
         -Boa noite menina, onde está o resto do seu grupo? Não tem sopa hoje?
         -Hoje não, mas tem um café, você quer?
         -Quero sim, estou com frio....
         -Então venha comigo.
         Fiz sinal para um amigo que se aproximou e fomos em direção a uma sala, para o atendimento, em cada sala havia café e biscoitos, era um motivo a mais para que esses espíritos ficassem um pouco mais e nos dessem a oportunidade de ajuda-los.
          Não foi fácil fazer Carlos entender que havia morrido, mas ele sabia que eu era espírita, no final aceitou atendimento, mas antes quis me contar o porque dele estar na rua. Disse-me que traiu sua esposa com várias mulheres, ao ponto dela não suportar e tomar muitos calmantes, chegando a falecer por isso, por sorte eles não tiveram filhos. Depois do falecimento dela, ele percebeu o erro e resolveu se punir indo morar na rua e passando todo tipo de privação.
           Sempre que posso vou visita-lo na cidade onde está em tratamento, ele aos poucos vai melhorando, conseguimos permissão para que ele fosse visitar Amália, sua esposa, que o perdoou, depois desse encontro sua recuperação teve uma melhora considerável.
           Acredito que nos tornamos responsáveis pelos amigos que cativamos ..... Por isso tento sempre que possível visitar esses espíritos que tanto me ensinam e me ajudam na caminhada evolutiva....

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